São Paulo, sexta-feira, 24 de setembro de 2004

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À beira do caos na Davis, Nastás põe culpa em Guga

Sergio Lima/Folha Imagem
O capitão Carlos Alberto Kirmayr orienta Ronaldo Carvalho e Gabriel Pitta, titulares do Brasil no DF


Com gestão discutida pelo TCU, dirigente afirma que número 1 do país é responsável por crise e vê a partir de hoje novatos jogarem contra um vexame histórico

MARIANA LAJOLO
ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA

A partir de hoje, Nelson Nastás começa a ver como seu nome ficará guardado para a posteridade.
O presidente da Confederação Brasileira de Tênis está nas mãos de jogadores novatos no torneio, com rankings modestos, para não ser lembrado como o dirigente que deixou o Brasil cair para a terceira divisão da Copa Davis.
Nastás, no entanto, não se importa com a pecha. E, mesmo em meio a um turbilhão de pressões e denúncias de má administração, diz não sentir culpa.
"Contra o Canadá, tínhamos a equipe principal. Não fui eu quem perdeu para o Daniel Nestor. O Brasil subiu comigo e caiu comigo. Está 0 a 0", disse, relembrando a derrota de Gustavo Kuerten em 2003 para o então 488º do mundo.
Naquele duelo, o país desceu para a segunda divisão. E 0 a 0 é bom? "Não. Mas perder é conseqüência para quem entra no jogo", disse ele, que vê hoje, às 11h, o terceiro capitão, com o terceiro time distinto, entrar em quadra para tentar amenizar os fracassos na Davis desde o ano passado.
Em 1996, dois anos após Nastás assumir o cargo, o Brasil chegou ao Grupo Mundial, de onde só saiu no ano passado. Em 2004, sem suas estrelas por causa do boicote liderado por Gustavo Kuerten, o país perdeu dois duelos e pode cair para a terceira divisão (disputada por países como México e República Dominicana) pela primeira vez desde 1981.
Para evitar o fiasco no confronto com o Peru, Nastás chamou Carlos Alberto Kirmayr. Ele já era o capitão dos sonhos do dirigente desde que Jaime Oncins saiu sem pisar na quadra, em fevereiro, no estopim da crise com Kuerten e cia. Kirmayr não foi chamado na época por problemas de saúde.
"Técnico e jogadores entenderam que é preciso pensar no Brasil. Não é para jogar pela CBT ou pelo Nastás", disse o presidente.
O dirigente diz não ter ficado abalado com a situação na Davis, mas não esconde o rancor com relação ao boicote e à sua atual situação política. Após prometer duas vezes que deixaria o cargo, vê agora sua permanência até o fim do mandato, em dezembro, como questão de honra.
"Falei para eles [Guga, André Sá e Flávio Saretta]: "Tá bom, se vocês jogarem eu saio". E eles não jogaram [contra o Paraguai, em junho]", reclamou Nastás.
"Guga disse que não concorda com a minha gestão. Não concorda com o quê? Os outros só fizeram boicote porque ele fez. Se tivessem jogado, eu sairia. Foram ao extremo. Se é extremo, vamos ao extremo. Nada mudará meus planos, nem a terceira divisão."
Anteontem, a CBT recebeu novo golpe. Relatório do Tribunal de Contas da União apontou irregularidades nas contas e determinou suspensão do repasse da Lei Piva. Nastás disse que só analisará os documentos na próxima segunda-feira, após acompanhar a Davis e voltar a São Paulo.
De toda forma, minimizou o caso: "Eu nem sabia que haveria votação. E não tenho nada a temer".

NA TV - Brasil x Peru, na Sportv, ao vivo, às 11h


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