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BOXE
Na cintura
EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL
Os puristas tiveram motivos para vibrar no sábado
com a luta entre os médios Oscar
de la Hoya e Bernard Hopkins.
Afinal, os quatro principais títulos (além do cinturão mítico de
campeão da publicação "The
Ring") foram unificados pela primeira vez na história do boxe.
O combate, por si só, não fez juz
às comparações com "Sugar" Ray
Leonard x Marvelous Marvin
Hagler. No entanto, tecnicamente, não deixou de ser agradável.
Mas o highlight do combate foi
mesmo o último golpe de Hopkins: um gancho na zona de cintura de De la Hoya que deixou o
"Garoto de Ouro" na lona, contorcendo-se de dor. Esse, aliás, é o
nocaute mais doloroso, pois o sujeito quer respirar, se levantar e
não consegue, pois o ar ""some".
Valeu a pena ficar acordado
para ver o combate ser definido
por meio do trabalho na linha de
cintura -uma arte praticamente
desconhecida nos dias atuais.
Já reparou como todo mundo
quer saber somente de mirar na
cabeça de seus adversários?
Claro. As chances de acontecer
um nocaute com um soco no
queixo, ou em outros pontos da
cabeça, é bem maior do que com
um golpe na região da cintura.
E é preciso muito tempo para
aperfeiçoar o trabalho na cintura,
que também deixa você muito
mais exposto aos contragolpes.
Ou seja, a coisa é uma arte.
Nada mais justo que o nocaute
com um soco no corpo tenha sido
registrado por Hopkins, que é conhecido pelos especialistas como
"old school" ("velha escola").
Nunca é demais repetir que era
justamente a velha escola que valorizava o trabalho na cintura.
Afirmavam que para derrubar
uma árvore, as machadadas deviam começar pelo tronco.
Um exemplo evidente e bem
próximo é o brasileiro Eder Jofre,
que foi bicampeão mundial (galos e penas). Outros dois, do passado recente, que aplicavam bem
-e freqüentemente- golpes naquela região eram o ex-campeão
"Bodysnatcher" Mike McCallum
e também "Irish" Micky Ward.
Outras características da velha
escola cultivadas por Hopkins é
sua disciplina, o fato de sempre
estar em forma e de tentar aperfeiçoar a técnica, além da atitude,
sempre séria sobre o ringue.
A importância que Hopkins dá
à história do esporte também impressiona. Quando a maioria dos
pugilistas pensa só no dinheiro
(não que ele não pense também),
logo após a vitória sobre De la
Hoya, Hopkins declarou que pretende fazer ao menos mais uma
defesa de cinturão, para completar 20 e assim atingir recorde.
O mais legal é que este não foi o
único nocaute obtido com um soco no corpo no passado recente.
Há algumas semanas, em outra
luta exibida nos EUA pela rede
norte-americana de TV a cabo
HBO, o canadense Arturo Gatti,
outro representante da velha escola (mais pela bravura do que
pela técnica), também aplicou
um nocaute da mesma espécie.
A vítima foi o romeno baseado
no Canadá Leonard Dorin, que, a
exemplo de De la Hoya, ficou se
contorcendo depois de ter sua linha de cintura ser bombardeada.
É um bom sinal para todos os
fãs o retorno da velha escola.
Programação 1
Oscar de la Hoya perdeu sua luta para Hopkins, mas retorna ao batente já na próxima quinta-feira à noite, quando, no papel de presidente da Golden Boy Promotions, promove mais um programa da
série "Boxeo de Oro". O combate será exibido ao vivo para o Brasil ao
vivo pelo canal HBO Plus. Os pesos-supermédios Vitali Kopitko e Librado Andrade disputam o combate de fundo da programação.
Programação 2
Depois do nocaute sofrido para Antonio Tarver, Roy Jones Jr. finalmente retorna aos ringues amanhã contra Glencoffe Johnson, campeão dos meio-pesados pela Federação Internacional de Boxe. Na
preliminar, Mark Johnson expõe o título dos supermoscas da Organização Mundial de Boxe diante do desafiante Ivan Hernandez.
E-mail eohata@folhasp.com.br
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