São Paulo, quinta-feira, 24 de setembro de 2009

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Mais casos de doping rondam o atletismo

Flagrado em exame diz que outros 4 corredores usaram substância proibida

Após receber indicação de companheiro, Daniel Ferreira afirma que não foi apenas ele quem adquiriu, via internet, suplemento com anfetamina

JOSÉ EDUARDO MARTINS
REPORTAGEM LOCAL

A Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) deverá investigar mais uma avalanche de possíveis casos de doping em série entre competidores de provas de fundo no país.
Depois da descoberta do maior escândalo da história da modalidade no Brasil, com os cinco testes positivos de atletas que treinavam em Presidente Prudente e tiveram de abandonar o Mundial de Berlim, competidores de provas de longa distância podem ter competido utilizando substâncias ilegais.
O fundista Daniel Lopes Ferreira, 41, testou positivo para anfetamina (estimulante) em exame durante a segunda etapa do Circuito de Corridas Bradesco, em agosto, em Bauru.
O atleta confessou que ingeriu a substância por meio do suplemento alimentar Shotgun V3, mas fez questão de afirmar que outros competidores também consumiram o produto.
"É um suplemento novo. Passei a me sentir bem nos treinos. Indiquei para outros amigos também. Pelo menos outros quatro atletas estavam tomando", afirmou Ferreira.
"A minha mulher [a também atleta Fabiana Cristina da Silva] só não usou porque estava machucada na época e não podia treinar", acrescentou ele.
Segundo o fundista, o suplemento era adquirido pela internet e foi indicado pelo atleta José Magno, que passava uma temporada no sítio do treinador Luis Antônio, em Taubaté.
O sítio serve de hospedagem para os competidores de provas de fundo e registra uma grande rotatividade de esportistas.
"Ele [Magno] mentiu e disse que fez o teste antidoping por diversas vezes, após ingerir o suplemento, e nunca tinha sido pego. Na verdade, ele tomou diversas vezes o suplemento, mas teve a sorte de nunca ter feito [o exame]", explicou Ferreira.
"Não acompanho o dia a dia deles em relação às vitaminas. O que sei é que todos tinham de tomar cuidado com esse negócio, com o que compram e tomam", disse Luis Antonio.
Fernandes era patrocinado pelo Bradesco, mas agora deve perder o apoio da instituição.
"Vou aguardar a notificação da CBAt para avisar o Bradesco", disse Lauter Nogueira, diretor de prova do circuito Bradesco e que passava treinamentos para Ferreira por e-mail.
"Muitos devem ter feito e fazem [uso de substâncias proibidas]. Chegou a hora de a CBAt lançar mão de um sistema em que os próprios atletas possam indicar quem faz o teste. Ou investir em testes fora de competição", completou Nogueira.
Ferreira é reincidente. Ele foi suspenso seis anos atrás por fazer uso do esteroide metiltestosterona. Agora, pode ser banido do esporte pela CBAt.
A reportagem da Folha tentou entrar em contato com Magno, que não foi localizado.


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