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Mais casos de doping rondam o atletismo
Flagrado em exame diz que outros 4 corredores usaram substância proibida
Após receber indicação de companheiro, Daniel Ferreira afirma que não foi apenas ele quem adquiriu, via internet, suplemento com anfetamina
JOSÉ EDUARDO MARTINS
REPORTAGEM LOCAL
A Confederação Brasileira de
Atletismo (CBAt) deverá investigar mais uma avalanche de
possíveis casos de doping em
série entre competidores de
provas de fundo no país.
Depois da descoberta do
maior escândalo da história da
modalidade no Brasil, com os
cinco testes positivos de atletas
que treinavam em Presidente
Prudente e tiveram de abandonar o Mundial de Berlim, competidores de provas de longa
distância podem ter competido
utilizando substâncias ilegais.
O fundista Daniel Lopes Ferreira, 41, testou positivo para
anfetamina (estimulante) em
exame durante a segunda etapa
do Circuito de Corridas Bradesco, em agosto, em Bauru.
O atleta confessou que ingeriu a substância por meio do suplemento alimentar Shotgun
V3, mas fez questão de afirmar
que outros competidores também consumiram o produto.
"É um suplemento novo.
Passei a me sentir bem nos treinos. Indiquei para outros amigos também. Pelo menos outros quatro atletas estavam tomando", afirmou Ferreira.
"A minha mulher [a também
atleta Fabiana Cristina da Silva] só não usou porque estava
machucada na época e não podia treinar", acrescentou ele.
Segundo o fundista, o suplemento era adquirido pela internet e foi indicado pelo atleta
José Magno, que passava uma
temporada no sítio do treinador Luis Antônio, em Taubaté.
O sítio serve de hospedagem
para os competidores de provas
de fundo e registra uma grande
rotatividade de esportistas.
"Ele [Magno] mentiu e disse
que fez o teste antidoping por
diversas vezes, após ingerir o
suplemento, e nunca tinha sido
pego. Na verdade, ele tomou diversas vezes o suplemento, mas
teve a sorte de nunca ter feito [o
exame]", explicou Ferreira.
"Não acompanho o dia a dia
deles em relação às vitaminas.
O que sei é que todos tinham de
tomar cuidado com esse negócio, com o que compram e tomam", disse Luis Antonio.
Fernandes era patrocinado
pelo Bradesco, mas agora deve
perder o apoio da instituição.
"Vou aguardar a notificação
da CBAt para avisar o Bradesco", disse Lauter Nogueira, diretor de prova do circuito Bradesco e que passava treinamentos para Ferreira por e-mail.
"Muitos devem ter feito e fazem [uso de substâncias proibidas]. Chegou a hora de a CBAt
lançar mão de um sistema em
que os próprios atletas possam
indicar quem faz o teste. Ou investir em testes fora de competição", completou Nogueira.
Ferreira é reincidente. Ele foi
suspenso seis anos atrás por fazer uso do esteroide metiltestosterona. Agora, pode ser banido do esporte pela CBAt.
A reportagem da Folha tentou entrar em contato com
Magno, que não foi localizado.
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