São Paulo, sábado, 24 de setembro de 2011

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JOSÉ ROBERTO TORERO

Sofismas sofríveis


O Corinthians está em queda. A causa é técnica, científica, física, mágica ou filosófica?


Meditabundo leitor, pensabunda leitora, o Corinthians já não é mais o mesmo do início do campeonato. Nas dez primeiras rodadas, a equipe venceu nove jogos e empatou um. Nas últimas 15, venceu quatro, empatou outros quatro e perdeu sete.
O que aconteceu? Quem causou tamanha queda? Ofereço-vos algumas possibilidades: ( ) Tropeçonismo. Você já viu esta cena: um cara tropeça, mas, em vez de apenas cair de cara no chão, se engancha nas roupas dum varal, derruba garçons que levam bolos de chantili e, é claro, acaba numa loja de cristais. Um desastre. E tudo causado por aquele primeiro tropeção. No caso, esse tropeço poderia ser a contusão de Liedson, justamente na décima rodada. Depois o time enfrentou o Cruzeiro, no Pacaembu.
Perdeu o jogo, o embalo, e nunca mais foi o mesmo.
( ) Torcidite. Sim, é bom ter uma torcida imensa gritando seu nome no campo. Mas é péssimo ter gente cobrando você em qualquer esquina. Depois das primeiras e naturais derrotas, o jogador corintiano não pode comprar um pãozinho na padaria sem escutar piadas maldosas, rogos de joelhos e provocações explícitas. A torcida corintiana é como a beladona (e as belas donas): pode fazer bem ou matar, dependendo da dose.
( ) Olhogordice. No "Malles Malleficarum", livro escrito por dois inquisidores dominicanos no século 15 e que ensinava a identificar bruxarias, está escrito que o olhar de inveja pode causar doenças e até mortes. Pois imagine quantos torcedores adversários, verdes de inveja, não mandaram energias negativas para o Parque São Jorge depois daquele começo fantástico. Ninguém acredita em bruxas, mas que las hay, las hay.
( ) Titibilidade. Assim como alguns remédios fazem efeito no começo e depois perdem a eficácia, isso pode ter acontecido com Tite. No início, ele conseguiu boas vitórias, mas os adversários logo criaram anticorpos ao seu esquema, e o organismo corintiano já não absorve suas soluções.
( ) Quasismo. O quasismo é uma mistura de física quântica e sorte. Muricy é quem domina melhor essa ciência. Já ganhou vários Brasileiros e a Libertadores graças a ela. Trata-se de vencer por um quase, por um único gol, por um detalhe. Nos dez primeiros jogos, o Corinthians venceu seis por um único golzinho. Por outro lado, em suas sete derrotas, só duas foram por dois gols de diferença. O resto foi por um quase. Ou seja, esta má fase seria um acerto de contas da estatística.
Eis aí algumas explicações, caro leitor. Escolha a sua. Ou fique com um pouco de cada uma.


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