São Paulo, Domingo, 24 de Outubro de 1999 |
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A primeira Olimpíada verde
JOSÉ HENRIQUE MARIANTE
Segundo o Greenpeace, mais famosa organização ecológica do planeta, os Jogos Olímpicos de Sydney podem se tornar um marco da história do ambientalismo. Para tanto, a entidade tem acompanhado de perto o trabalho do Socog, o Comitê Organizador dos Jogos de Sydney, mesmo antes de a cidade ser eleita pelo COI para abrigar a Olimpíada de 2000. Em 1992, a entidade inscreveu-se no concurso aberto pelo governo australiano que visava selecionar o melhor projeto para o evento. Entre mais de uma centena de propostas enviadas, a da entidade acabou entre as cinco finalistas. Muito do projeto foi absorvido, e o Greenpeace, então, passou a monitorar o trabalho do Socog, distribuindo, inclusive, notas para os principais personagens do empreendimento (veja quadro). Quem vai bem é o próprio Comitê Organizador, cujo esforço é reconhecido pela entidade. Na outra ponta aparece o governo australiano, longe de ter a simpatia dos ambientalistas, que o consideram "preguiçoso", quando não um adversário mesmo. No geral, no entanto, a organização não esconde seu entusiasmo com o o trabalho feito em Sydney. Tanto que lista alguns dos sucessos ambientais dos próximos Jogos, a saber: 1) A Vila Olímpica, que será o maior complexo de energia solar do mundo. Todas suas 665 residências serão providas de energia solar, voltada principalmente para o aquecimento da água; 2) O sistema de transporte sem carros. "Serão os primeiros Jogos em que quase todos que comparecerem usarão transporte público. Novas linhas de trem foram construídas para propiciar um transporte menos poluente e mais eficiente", diz o Greenpeace; 3) A conservação de água. Metade da água utilizada na Vila Olímpica e nas sedes dos Jogos virá de água tratada das chuvas e de água do próprio esgoto purificada; 4) A proteção à biodiversidade. Projetos de sedes olímpicas foram alterados para permitir a sobrevivência de espécimes raros e a proteção de uma floresta nativa de árvores centenárias; 5) A redução do uso de PVC, um plástico considerado tóxico. Optou-se por outros materiais ou mesmo tipos de plásticos menos poluentes nas construções; 6) A limpeza completa de materiais tóxicos na baía de Homebush (próxima às principais sedes dos Jogos), que por décadas serviu de depósito de substâncias poluentes pela indústria química. Há, no entanto, itens que a entidade considera ainda mal resolvidos. Entre eles estão: 1) A aceitação pelos patrocinadores dos Jogos de todas as chamadas Condutas Ambientais, elaboradas pelos organizadores durante a candidatura de Sydney e que se tornarão lei no Estado de Nova Gales do Sul em 1993; 2) O uso de substâncias que agridem a camada de ozônio nos sistemas de refrigeração e ar-condicionado em Sydney. Segundo o Greenpeace, chegou-se até a um acordo para abolir as principais substâncias desse tipo (conhecidas pelas siglas CFC, HCFC e HFC), mas a proposta acabou sendo ignorada. (JHM e RD) Texto Anterior: Flamengo emprega "esquema europeu" para bater o Cruzeiro Próximo Texto: Meta final é entulho zero Índice |
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