São Paulo, sábado, 24 de outubro de 2009

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MOTOR

Mãos de ferro


Mosley deixa como legado uma F-1 mais segura, mas também mais chata na pista e cheia de picuinhas fora dela


FÁBIO SEIXAS
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE

"AUTOMOBILISMO perde sua mão de ferro" foi o título na página 4-7 da Folha naquele 10 de outubro de 1991, sobre a reportagem que relatava o fim da era Balestre à frente da Fisa.
Resultado classificado como "meia surpresa", Mosley derrotara o francês na disputa para dirigir o braço esportivo da FIA. O novo comandante era a esperança de renovação, levava a bandeira da Foca, rechaçava favorecer velhos aliados.
Movimento esperado, dois anos depois Mosley enterrou a Fisa e alcançou a presidência da FIA. Passou a ter, então, gigantesco poder para ditar os rumos da F-1.
Editou. Porque, por mais que existam um Conselho Mundial e um Senado, seus integrantes, em grande maioria, são subservientes à presidência e às viagens e mordomias que usufruem desse relacionamento. Resultado: o que Mosley propôs, emplacou, e nem mesmo um escândalo com tons nazistas foi capaz de demovê-lo do cargo. A F-1 dos últimos 16 anos foi a cara dele.
Foi a F-1 do aumento da segurança, das grandes corporações, da expansão para o Oriente -embora isto tenha mais o dedo de Ecclestone. Mas foi também a F-1 dos pneus sulcados e com o Kers, da morte e da ressurreição da tecnologia, do inócuo vaivém do regulamento em busca de mais ultrapassagens, das pistas sem sal -embora isto tenha mais o dedo de Ecclestone.
E, nos bastidores, foi uma F-1 de vendetas (Dennis e Briatore que o digam), de favorecimentos (vide a Cosworth em 2010), de apoio aos garagistas contra as montadoras (batalha justa, mas perdida).
Outra mão de ferro, pois. Mas que tinha por trás inteligência política, não a truculência de Balestre. Todt chega. E a F-1 pode esperar outra mão de ferro. Porque foi assim na Peugeot e na Ferrari. Tem a seu favor o fato de conhecer mais de corridas do que Mosley. Pesa contra sua história em Maranello.
Que os receios sejam em vão. Que ele seja melhor que os antecessores. Que sua mão de ferro não só soque a mesa mas construa um esporte a motor com cara de esporte.

FUTURO INCERTO
Button e Brawn mereceram. Foram os melhores do ano, a grande atração, brilharam, renasceram. Mas há um 2010 pela frente, e o fator surpresa não existe mais. Como talvez não exista o dinheiro da Honda. Mas talvez surja verba da Mercedes. Equipe de um campeonato só ou história que apenas começa? É uma boa dúvida.

FUTURO CERTO
Uma quarta colocação basta para Rossi conquistar o heptacampeonato em Sepang. Ou seja, a disputa vai acabar na próxima madrugada. Lorenzo é ótimo piloto, um futuro campeão, mas levou uma aula inesquecível nesta temporada.

fabioseixas.folha@uol.com.br


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