São Paulo, domingo, 24 de outubro de 2010

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JUCA KFOURI

Dois marcos


Verbas fora do controle do COB e concorrência livre para o futebol na TV: boas novas

A SEMANA foi generosa com os esportes olímpicos e com o futebol profissional brasileiros.
A Petrobras anunciou forte investimento em esporte educacional e em cinco esportes nanicos com vistas à democratização do acesso à prática esportiva no Brasil e às Olimpíadas.
Pela primeira vez, uma quantia razoável, de quase três centenas de milhões de reais, não será investida via COB, mas, sim, por meio de organizações comandadas por ex-atletas da credibilidade de Ana Moser e Magic Paula.
A primeira, com a verba maior, cuidará do educacional, que é o mais relevante no projeto.
E a segunda tratará de fazer medalhistas como ela, aspecto que não pode ser relevado por uma empresa, mesmo estatal, que concorre com outras gigantes da iniciativa privada e precisa ter seus heróis para propagandeá-la.
O presidente do COB, Carlos Nuzman, entendeu o recado a tal ponto que nem veio para a cerimônia realizada em São Paulo, com a presença do presidente da República. Bem ele, o cartola sempre tão eficiente na arte da adulação.
A outra boa notícia veio do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), com a decisão de estabelecer novos tempos na concorrência pelos direitos de TV, internet e telefonia do Campeonato Brasileiro a partir de 2012, com negociações, portanto, já no ano que vem.
Uma das mazelas do capitalismo brasileiro é o discurso pela livre concorrência casado com práticas monopolistas.
Se vivemos sob o regime do quem pode mais chora menos, é bom que, no mínimo, haja garantias de competir cada um com suas armas.
É o que teremos daqui por diante entre as redes de TV, ótima oportunidade para os clubes venderem melhor suas atrações, por mais que seja óbvia a vantagem da Globo Esporte, mais poderosa, mais competente, mais experiente e, agora, mais alinhada às regras do capitalismo civilizado.
Pode ser até que tudo fique como está, que a Globo ganhe todas as concorrências em todas as plataformas e até que divida melhor seus custos e mantenha sua enorme hegemonia na audiência dos eventos esportivos. Não importa.
Importa que não tenha privilégios, o que só lhe fará bem.
Porque também não se pode negar que neste Brasil que adora ver a Globo, e falar mal dela, qualquer um que tenha algo a anunciar, se puder escolher, preferirá fazê-lo exatamente nela.

blogdojuca@uol.com.br


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