São Paulo, domingo, 24 de novembro de 2002

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FUTEBOL

Os melhores do mundo

RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

"O prêmio deveria levar em conta o que o jogador fez em uma temporada, e não o que fez em um único torneio."
Faço minhas as palavras acima, que são do francês Thierry Henry.
"Neste ano, eu não penso que Ronaldo tenha sido o melhor jogador da Europa." Mais uma vez tomo para mim as palavras do ótimo atacante do Arsenal.
"Quando você vê o gol marcado por Zidane na final da Copa dos Campeões, isso significa alguma coisa. Ballack foi um fora de série durante todo o ano, e Roberto Carlos deveria ser premiado de uma forma ou de outra."
Continuo assinando o que disse nos últimos dias Henry, um dos vários grandes jogadores da atualidade que não ficaram entre os três mais votados na lista dos melhores do mundo feita pela Fifa.
Ronaldo já esfrega as mãos na expectativa de receber seu terceiro título de melhor do planeta. Qualquer coisa que aconteça até 17 de dezembro, quando será anunciado o vencedor, não valerá nada. Os votos de mais de 140 técnicos de seleções (novo recorde da eleição) já foram computados.
Os sete jogos e os oito gols que Ronaldo fez na Copa não foram o carro-chefe da campanha do atacante brasileiro para recuperar o troféu que já ganhou em 1996 e 1997. Foram tudo, pois fora isso, é sabido, ele pouco realizou de fato.
Os concorrentes de Ronaldo são Zidane (seu companheiro de Real Madrid que brilhou na Copa dos Campeões e que penou, contundido, com a França no Mundial) e Kahn (seu adversário na final da Copa que teve atuações fabulosas, mas que colheu fracassos com o Bayern e com a Alemanha na decisão em Yokohama).
A popularidade do brasileiro no planeta é já há um bom tempo algo absurdo. Treinadores de seleções inexpressivas, cuja capacidade para apontar os melhores jogadores do mundo é bastante discutível -ainda há muitos lugares que não recebem imagens das melhores ligas, acredite-, encontram nas Copas do Mundo uma boa justificativa (e desculpa também) para seus votos em jogadores consagrados pela mídia.
Em 1998, Zidane foi eleito o melhor do mundo basicamente por duas cabeçadas em um intervalo de poucos minutos em um único dia. Acontece que era o dia da final da Copa, assim como Ronaldo no dia 30 de junho deste ano marcou dois gols em um intervalo de poucos minutos e acabou sendo coroado campeão mundial.
Porém o meia francês, que também já faturou duas vezes a eleição organizada pela Fifa, teve um 1998 mais "completo", com um digno desempenho (e regularidade) em seu clube na época.
A vitória de Ronaldo pode causar certa frustração em Roberto Carlos (que se colocava como o jogador que mais merecia o prêmio), no Real Madrid (que tem pelo menos mais três jogadores além de Ronaldo com razões para ser eleito melhor do ano), na Espanha (que tem visto atuações ruins do atacante brasileiro e já se mostra mesmo decepcionada com seu futebol) e na Europa (que apesar de oferecer algumas premiações a Ronaldo quase nada viu do "Fenômeno" e ainda questionou sua saída da Inter).
A Chuteira de Ouro (artilheiro) e a Bola de Prata (segundo melhor da Copa) já serão entregues a Ronaldo, em Madri, sua casa. Ele fez por merecer isso (talvez até a Bola de Ouro) e mereceu mais que tudo voltar ao topo do futebol. Mas melhor do ano...

Os melhores de Scolari
O ex-técnico da seleção brasileira, que espera nesta semana a resposta da federação portuguesa para sua proposta financeira, votou em Beckham, Zidane e Figo para a eleição de melhor do ano (pelo regulamento, ele não pôde votar em jogadores brasileiros).

Os melhores da Copa dos Campeões
Na média de público pagante por jogo, os melhores times do torneio (sensacional segunda fase nesta semana) são Dinamo de Kiev (71.266 pessoas), Milan (67.388), Manchester United (65.508), Real Madrid (63.459), Barcelona (62.964), Borussia (48.233), Ajax (43.160), Roma (43.152), Newcastle (43.031) e Feyenoord (42.733).

Os melhores da África
O Raja Casablanca (lembra?), do Marrocos, goleou o ASEC Abidjan, da Costa do Marfim, por 4 a 0 e disputará a final da Copa dos Campeões da África com o Zamalek, do Egito, em dezembro.

E-mail rbueno@folhasp.com.br


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