São Paulo, quarta-feira, 24 de novembro de 2010 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros
TOSTÃO Desconstrução
NO FIM de semana, tivemos mais dois pênaltis muito mal marcados, um a favor e outro contra o Grêmio, na partida diante do Atlético-PR. Os árbitros não escolhem lado para errar. Os dois pênaltis foram provocados por simulações de jogadores. Há, no futebol e em tantas coisas que acontecem no mundo, muitos raciocínios e olhares viciados, equivocados, que se tornam habituais e que não são contestados. Passam a ser verdades. Por causa desses vícios e de falta de conhecimento, às vezes, até por conhecimento demais, as análises sobre o jogo de futebol são quase sempre feitas a partir da conduta de treinadores. Enquanto isso, o rio corre, independentemente da vontade e da atuação do ser humano. A bola que bate em alguém muda sua trajetória e cai para o atacante livre fazer o gol e tantos outros lances imprevisíveis que acontecem em uma partida também contribuem para o resultado final. Não há nenhum mistério no acaso. São fatos corriqueiros, que quase sempre ocorrem, mas que nunca sabemos onde e quando vão ocorrer. Isso não significa que os técnicos não sejam muito importantes. Uns são mais do que os outros, como José Mourinho e Muricy. Da mesma forma, quando critico os "zé-regrinhas", com ironia, mas sem querer desrespeitá-los, que, com as regras, querem controlar o mundo e definir tudo o que ocorre em um jogo, não desmereço a importância que têm as regras em nossas vidas. Sem regras, o mundo seria um caos. Critico o exagero. A televisão criou um novo futebol, o virtual. É baseado nisso que comentaristas falam se foi pênalti ou não, além de outras análises. São um raciocínio e um olhar viciados. Desaprendemos a ver o futebol real. "O excesso de imagens criou uma espécie de cegueira geral" (Jean-Pierre Gorin, cineasta, em entrevista à Folha). Basta a TV mostrar um defensor com a mão nas costas do atacante para terem certeza de que houve um empurrão e que foi pênalti, como se na disputa pela bola fosse possível uma parte do corpo não tocar no adversário. Impressiona-me como parte da imprensa utiliza sempre os mesmos argumentos, conceitos e chavões para explicar situações bem diferentes. O futebol no mundo deveria ser interrompido em alguns períodos para as pessoas refletirem, desconstruírem muitos de seus conceitos, perceberem as besteiras que disseram e que fizeram, para daí construírem novas maneiras de ver a vida e o futebol. Texto Anterior: Cruzeiro: Para Roger, Palmeiras vai entregar para o Flu Próximo Texto: Clube perde R$ 15 mi sem Libertadores Índice | Comunicar Erros |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |