São Paulo, quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

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TOSTÃO

Elementar, meu caro dirigente


O São Paulo contrata melhor porque o primeiro critério é técnico. O time fica melhor, ganha títulos e dá mais lucro

O SÃO PAULO , campeão brasileiro, é o clube que melhor contratou até agora, como quase sempre acontece.
O São Paulo não contrata melhor somente porque tem uma comissão técnica mais competente, porque os jogadores de outros clubes querem atuar no São Paulo ou porque o clube é mais organizado e conhece os contratos de todos os atletas que atuam no Brasil e no exterior.
Isso tudo está no Google para quem quiser.
O São Paulo contrata melhor, principalmente, porque o primeiro critério é técnico, e não quanto o jogador poderá dar de lucro em uma venda posterior. A Traffic, investidora do Palmeiras, com o aval de Luxemburgo, achou que ia ganhar muito dinheiro com Lenny.
Por isso, o técnico colocava o jogador no segundo tempo e prejudicava a equipe. Lenny deve ir para o Vitória, que também é da Traffic. O que não é da Traffic?
O critério técnico e seguro acaba sendo mais rentável. O time fica melhor, ganha mais títulos e todos são valorizados. Elementar.
A solução não é proibir os investidores. Ficaria ainda pior. Mas é preciso impor limites. Um clube não pode ser um balcão de negócios nem os atletas, mercadorias. Para jogarem melhor, eles precisam criar vínculos afetivos com os clubes. Isso acontece com qualquer profissional.
Os técnicos correm também o risco de se transformarem em gerentes de banco, executivos financeiros.

O meio-campo será outro
Como era esperado, o Manchester United ganhou o Mundial de Clubes. Anderson jogou muito bem. Noto que ele evoluiu nas últimas semanas, não só por esse jogo e pela atuação na seleção contra Portugal.
No início de sua carreira, Anderson se destacou por suas habilidade, fantasia e irreverência. Era um meia ofensivo. No time inglês, ele se tornou volante e um jogador mais técnico e mais previsível. Faz somente o que se deve fazer. Nada mais que isso. Nos últimos jogos, Anderson tem arriscado mais, driblado mais e finalizado mais.
Se Anderson conseguir unir a habilidade e a inventividade com a técnica, vai se tornar um excepcional jogador. Ainda não é.
No futebol, há quase sempre uma disputa entre a técnica e a fantasia, uma metáfora do conflito humano entre a razão e a emoção.
Imagino que Dunga, depois da boa atuação de Anderson contra Portugal, não vá escalar mais juntos Gilberto Silva e Josué.
É um ou outro. No esquema com três no meio-campo (Gilberto Silva, Anderson e Elano), há ainda, com certeza, um lugar para Hernanes, na posição de Elano.
E talvez, haja ainda para Lucas, no lugar de Gilberto Silva.
A formação com Hernanes, Lucas e Anderson não foi bem na Olimpíada, como todo o time. Isso adiou a possível escalação dos três.
Mas a grande dúvida de Dunga, como foi a de Parreira em 2006, continuará sendo arrumar um lugar para Ronaldinho, se ele voltar a brilhar. Ronaldinho tem jogado bem. Para atuarem juntos Kaká, Ronaldinho, Robinho e mais um centroavante, terá de sair um dos três do meio-campo.
Esse será o grande problema para Dunga resolver em 2009.
A coluna voltará a ser publicada no dia 7, quarta-feira.


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