São Paulo, quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

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TÊNIS

Esperança?


Entender que a postura e a cultura da brasileira levarão ao fracasso do tênis nacional ou apostar mais uma vez?

RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA

POR QUE o tênis feminino nacional não deslancha? Por que fechamos o ano com a melhor tenista em 351º do ranking?
À discussão que começou aqui há uma semana, e que colocava na atitude e no comportamento das tenistas parte da "culpa", seguiu-se, por justiça, uma busca por outros motivos. O que mais atrapalha?
Diz Carlos Alberto Kirmayr, autoridade no assunto: "Se pegar o calendário da ITF, 80% dos futures e challengers são na Europa. É difícil".
"Temos poucos torneios para elas aqui e poucos locais específicos aonde possam treinar e ter um bom suporte. Falta também apoio financeiro", enumera Ricardo Acioly. "Geralmente falta dinheiro para viagens", repetem tanto Marcelo Meyer como Fernando Meligeni. Especialistas também indicam a distância como obstáculo. "A nova geração batalha, mas sofre de dois problemas: a falta de talento [são tenistas apenas normais] e dificuldade em seguir carreira, por ter de jogar muito fora do país", opina José Nilton Dalcim, do site Tenisbrasil.
"Falta incentivo financeiro que compense a escolha e o sacrifício", indica Fernando Sampaio, da Jovem Pan, ele próprio crítico da cultura delas. "Adoram namorar, curtir a vida, arrumar casamento. Há anos não organizamos torneios na categoria 18 anos. Não dá nem chave."
Isso significa que devemos desistir? Talvez não. Paula Gonçalves é aposta de Kirmayr, que também cita Fernanda Faria e Nayara de Moraes.
Meligeni indica Paula Gonçalves.
Vivian Segnini é outra indicada.
"Não tem enorme talento, mas trabalha duro, adora viajar, tem dinheiro para bancar um treinador nas viagens e quer ser tenista. O "quer ser" já é diferencial", afirma Dalcim.
Além de Segnini, Teliana Pereira, Roxane Vaisemberg são citadas por Arnaldo Grizzo, editor-chefe da revista "Tênis". Ana Clara Duarte é indicada por Marcelo Meyer. Beatriz Maia, por Fernando Sampaio.
Nomes, apostas, esperanças, não importa como classificá-las, elas existem. As condições são adversas mesmo. E a bola está com elas, só com elas. Para o bem ou para o mal.

EM SÃO PAULO
O paulista Eric Gomes ganhou o primeiro Sabesp Future ao bater Nikita Kryvonos (EUA) por 2 a 1, na Academia Paulistana de Tênis.
Nesta semana, rola o segundo.

NOS EUA
Lindsay Davenport, ex-número um do mundo, anunciou estar grávida de novo e que ficará fora do primeiro semestre. A americana diz que vai "repensar sua carreira".

FUTURO
Peter Lundgren, ex-treinador de Roger Federer, Marat Safin e Marcos Baghdatis, deixa o circuito para trabalhar em um projeto que busca revelar novos talentos, em Paris.

reandaku@uol.com.br


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