São Paulo, quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

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JUCA KFOURI

Se Papai Noel existisse...


... ele estaria em maus lençóis na noite de hoje. Porque muita gente estaria pedindo o mesmo presente

OS FLAMENGUISTAS e colorados estariam pedindo o bi da Libertadores.
Os cruzeirenses pediriam o tri, e os são-paulinos, o tetra. Já os corintianos pediriam a sua primeira taça.
Existisse e fosse justo, Papai Noel atenderia aos alvinegros que, afinal, jamais ganharam tamanho presente. Mas eles merecem?
Bem, até que ninguém está contratando tanto para tal, numa mistura de gente experiente que chega com gente aguerrida que lá está.
Pode dar certo, pode não dar, mas faz sentido, ao menos, para aliviar a pressão, que será enorme.
E o fato de o Corinthians ser um raro campeão da Copa do Brasil com o privilégio de ser cabeça de chave, embora a exceção seja atribuída às presenças de Ronaldo e Roberto Carlos..., revela que, a exemplo do que fez o São Paulo em seu bicampeonato, o Timão também está trabalhando nos bastidores da Conmebol, de Nicolás Leoz, presidente vitalício, e aparentemente eterno, da entidade, compadre de ex-cartola tricolor.
A Libertadores, sem os dois gigantes argentinos e sem o Palmeiras para assombrar a vida corintiana, só teria a ganhar em imagem caso, enfim, e no ano do centenário, viesse morar na única sala de troféus que não a tem no maior mercado da América do Sul.
Ho-ho-ho, parece que é assim, meio abestalhado, que ri o Papai Noel, misterioso ou generoso, sádico ou decidido.
Mas, se cinco grandes torcidas brasileiras querem a Libertadores, entre essas as três maiores, 32 países querem a Taça do Mundo, em disputa na África do Sul.
Só mesmo não existindo para sobreviver à ambição tão desmedida, já que se sabe que esta é uma taça para poucos, no máximo para quatro, a saber e nesta ordem: Brasil, Espanha, Itália e Inglaterra e, é claro, desde que nem Argentina nem Alemanha resolvam surpreender.
Daí ser melhor voltar aos pedidos mais modestos e realizáveis.
Palmeirenses e santistas ficarão felicíssimos com um título nacional, de preferência o do Brasileirão, mas mesmo a Copa do Brasil será muito bem-vinda. Ah, sim, gremistas, vascaínos, atleticanos, botafoguenses, tricolores das Laranjeiras, todos têm o mesmo sonho e, na verdade, nenhum deles dá sinais de que chegará tão longe.
Que diferença para os desejos dos coxas, que só querem seu estádio de volta, apesar de saberem que não merecem mesmo e ponto final.
Ou para o que desejam os torcedores do Ceará, do Guarani: simplesmente não cair, permanecer na Série A no ano que vem.
De gordo para gordo, Ronaldo pediu a mesma coisa que o Ronaldo magro e, com dois Ronaldos na vida, a saída do Papai Noel foi brilhante, ao dizer que não mora na África do Sul, mas na Finlândia, e que quem entende de Dunga é a Branca de Neve, não ele.
Da parte do colunista, que não acredita em quase mais nada, mas persiste, fica o desejo de que o seu pedido, raro leitor, seja atendido.
E a certeza de que, independentemente dos deuses, noéis, duendes e bruxas, se viver é muito perigoso, como disse Guimarães Rosa, Vitor Martins, parceiro de Ivan Lins, ensina que desesperar jamais.

blogdojuca@uol.com.br


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