São Paulo, domingo, 25 de janeiro de 2004

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Clubes têm seus maiores índices de popularidade nos bairros de suas sedes; turma dos sem-time está nos extremos da cidade

Vizinhança de estádio desperta paixões

DA REPORTAGEM LOCAL

A paixão mora ao lado, a indiferença longe. Esse é um dos principais retratos da pesquisa Datafolha que esquadrinhou as preferências do paulistano no futebol.
Todos os grandes clubes colhem seus melhores resultados de popularidade na cidade em bairros próximos às suas sedes.
Já o contingente dos sem-time é maior nos extremos do município, distantes dos estádios e dentro das zonas mais pobres.
Dono de 33% dos corações paulistanos, o Corinthians tem índices ainda mais elevados (43%) em oito bairros da zona leste. Um deles é o Tatuapé, que abriga o Parque São Jorge desde 1928.
Na zona sul, área da cidade mais distante da sua sede, o apoio é bem menor, de apenas 29%.
Das 19 áreas tabuladas pelo Datafolha, só em uma o Corinthians não aparece como o mais popular: justamente onde fica o Morumbi, estádio do São Paulo, que foi inaugurado no bairro de mesmo nome em 1960, quando a região ainda era pouco habitada.
Lá, o São Paulo é dono de 30% das preferências, marca 50% superior à registrada pelo clube em termos gerais na cidade.
Nos arredores de seu antigo estádio, o São Paulo também vai bem. No Pari, onde fica o Canindé (que antes pertencia ao clube) e outros bairros centrais, 22% dos moradores são são-paulinos.
Com o Palmeiras a situação não é diferente. Em toda a cidade, o clube tem 15% das preferências. Já na área em que está o Parque Antarctica, sua sede principal desde 1920, o apoio é maior. Em Perdizes e em outros três bairros da zona oeste, 21% dos habitantes do município mais populoso do país afirmam ser palmeirenses.
Já na zona leste, casa do grande rival Corinthians, o Palmeiras tem em vários bairros apenas 10% dos fãs de São Paulo.
Até com o Santos a questão geográfica é importante para definir a paixão clubística. O clube do litoral tem seus maiores índices de apoio em bairros que fazem divisa com o ABC, justamente a parte da capital, por rodovias, mais próxima das praias. Na área onde está o bairro do Jabaquara, na saída da Imigrantes, 9% dos habitantes são santistas. Em São Mateus e arredores, na divisa com Santo André, 15% torcem pelo time.
Em compensação o time que consagrou Pelé e hoje tem Robinho conta com um número modesto de torcedores na zona norte, que fica longe das estradas que levam ao litoral.
Na área que tem Santana como principal bairro, o Santos conta com 3% de apoio.
Enquanto conquistam torcedores entre seus vizinhos, todos em bairros bem próximos do centro, os grandes clubes são mais ignorados em bairros mais afastados.
As seis áreas em que a incidência de habitantes sem clube supera a média geral (20%) ficam nos quatro extremos da cidade.
Na área que engloba Marsilac, que fica há mais de 50 km da praça da Sé, 23% dos moradores afirmaram que não têm time. Pior acontece em São Miguel Paulista e arredores. Nessa região, divisa com o município de Guarulhos, 26% dos paulistanos declaram não torcer por clube algum.



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