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Isolado, palmeirense se junta a rivais
DA REPORTAGEM LOCAL
Não há nada mais incômodo
para o palmeirense do que ter de
agüentar sozinho provocações e
brincadeiras de corintianos e são-paulinos. Não há nada mais comum para um palmeirense do
que viver cercado de rivais. Esse é
o cotidiano do engenheiro civil
Stefan Ambrosini Halas, 25.
Oriundo de uma família de palmeirenses, ele mora em uma pequena vila na Lapa, um dos bairros que mais concentram torcedores do Palmeiras -21%, segundo o Datafolha. Halas, porém,
vive a ironia de se ver rodeado por
vizinhos que gostam de futebol,
mas preferem os rivais. Nenhuma
outra área é tão miscigenada.
"Aqui na vila, são cinco corintianos e cinco são-paulinos. De
palmeirense, só eu e mais um."
Mais irônico ainda é o fato de a
vila ficar localizada próximo a um
condomínio onde, nos anos de
ouro da parceria com a Parmalat,
os principais jogadores e até o técnico Luiz Felipe Scolari moraram.
A formação clubística de sua vizinhança provoca situações engraçadas. Halas diz que, quando o
Palmeiras enfrenta o São Paulo, o
chão de seu apartamento treme,
literalmente: "Quando sai gol do
Palmeiras, dou pisões bem fortes
para que meu vizinho escute. Em
compensação, quando o gol é do
São Paulo, ele cutuca o teto com a
vassoura para responder".
O fato de ser minoria já obrigou
o palmeirense a renegar seu clube
de coração. Foi no fim de 2002 e
durante boa parte do ano passado, quando são-paulinos e corintianos não perdiam a oportunidade para fazer piadas com o Palmeiras, que foi rebaixado e teve de
disputar a Série B do Brasileiro.
"Eu fugia. Minha desculpa era a
de que eu não ligava mais para futebol, não torcia mais como antes.
Mas não era verdade", conta Halas, que guarda pôsteres, flâmulas
e camisas do Palmeiras.
Gozações à parte, é nos vizinhos
torcedores que Stefan encontra
companhia para ir ao estádio.
"A gente se junta e vai no mesmo carro, sem a camisa do time.
Quando chega ao estádio, a gente
se separa e combina de se encontrar depois." O único inconveniente é que a estratégia só pode
ser usada nos clássicos, o que não
ocorre desde o início de 2003.
"Ultimamente eu só tenho ido
sozinho", completa, resignado.
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