São Paulo, quinta-feira, 25 de janeiro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Doping já passa tráfico de drogas, diz Interpol

Wada fala que tema não é só esportivo e já virou problema de saúde pública

Ao lado da polícia, Agência Mundial Antidoping detecta onde substâncias dopantes são produzidas e quais são os principais compradores

DA REPORTAGEM LOCAL

O mercado mundial de doping já supera em volume o tráfico de drogas sociais, como cocaína e maconha. A estimativa, elaborada pela Interpol, foi apresentada ontem por Richard Pound, presidente da Agência Mundial Antidoping.
O dirigente discursou em Lausanne (Suíça), em simpósio sobre drogas no esporte.
"O doping já não é mais um assunto só esportivo. Já se converteu em problema de saúde pública", defendeu Pound, cuja entidade firmou recentemente parceria com a Interpol.
Desde outubro do ano passado, as entidades examinam em conjunto quais são os principais pólos de produção e exportação de drogas dopantes no mundo e como devem atuar para reprimir esse comércio.
Entre as preocupações estão países como Rússia e China, identificados como locais que abrigam laboratórios ilegais, e EUA e Europa, local de destino de boa parte dessa produção.
"O doping não é só um crime no sentido convencional da palavra. É também desonesto e prejudicial à imagem do esporte", aponta Ronald Noble, secretário-geral da Interpol.
"A decepção associada ao doping é enorme entre o público, e todo recorde que é quebrado atualmente gera suspeitas", complementou o policial.
Pound elogia investigações policiais, como a "Operação Porto", que desbaratou um grupo que traficava drogas na Espanha e descobriu ramificações com ciclistas de destaque.
"Gostaria que os governos informassem as autoridades esportivas quando há evidência de doping", disse ele, lembrando que atletas já foram punidos graças a evidências policiais, mesmo sem ter teste positivo.
"Tentamos estreitar a distância entre a Justiça esportiva e a comum, como já ocorre em países como Itália e Espanha."
Para Noble, o tráfico de substâncias dopantes não se restringe mais aos atletas de alto nível. Algumas drogas como os esteróides anabólicos, usados para aumentar a força e a massa musculares, já conquistaram também esportistas amadores.
Para combater o problema, Wada e Interpol planejam novas iniciativas conjuntas. Entre elas está a organização de um congresso, com a participação de especialistas do esporte e da polícia, para discutir o tema.


Com agências internacionais

Texto Anterior: Depois de ganhar fama, prodígio Alexandre Pato não sabe o que é perder
Próximo Texto: F-1: Renault mostra cara nova para lutar pelo tri
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.