São Paulo, quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009 |
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TÊNIS Esporte + política
RÉGIS ANDAKU COLUNISTA DA FOLHA A MISTURA de esporte com política é sempre explosiva. Não faz bem a ninguém, nem às mais sanguinárias ditaduras, que, aliás, tem histórico horrível de usar e abusar do esporte. Mas ela é pior ainda para esporte e esportistas. Muitos, por ignorância, outros, por cinismo, alguns, por dinheiro e fama, ignoram o mundo real e se tornam cúmplices de movimentos arbitrários. Existem exceções, sempre existem. O futebol serviu de abrigo a ditadores nas confederações (em alguns países, ainda parece servir). Mas é no esporte individual que as posições ficam mais claras -e a mistura, mais explosiva. Em Auckland, um torcedor protestou contra a política israelense para o Oriente Médio. Queria que a tenista de Israel desistisse de jogar, mas só causou constrangimento a ela, que se disse incapaz de mudar a diplomacia de seu país. Às vésperas do Torneio de Dubai, os Emirados Árabes proibiram a israelense Shahar Peer de entrar para jogar. Peer, 21, cujo pai trabalha com informática e cuja mãe é dona de casa, tem como postura mais ameaçadora golpe de direita que, isso sim, incomoda. E enquanto diplomatas, políticos, burocratas, generais e organizadores decidem o que fazer, alguns tenistas já tomaram suas posições. Roger Federer ficou quietinho. Representante dos tenistas, primeiro a reclamar do calendário e das "agressões" à classe, o suíço, que tem casa em Dubai e relações cordiais com os donos do lugar, soltou comunicado para falar das... dores nas costas. Venus Williams foi a Dubai, postura inicialmente criticada por quem defendia o boicote. Mas jogou, ganhou, fez o discurso de campeã até que, educadamente, citou Peer: "Uma de nossas jogadoras não pôde estar...". Depois, aos jornalistas, explicou: "Ela foi corajosa ao tentar vir, mesmo sabendo que não seria fácil". No circuito, coragem ainda é artigo de luxo. Existe muito talento, e muito mais dinheiro ainda, mas tenistas capazes de se levantarem por uma causa como Martina Navratilova, Arthur Ashe e outros poucos do passado, conta-se apenas nos dedos da mão que segura a raquete. EM DUBAI A organização foi multada em US$ 300 mil pela WTA. Em contrato, diz que nenhum tenista com ranking suficiente para jogar deixará de entrar no país. AINDA EM DUBAI A WTA dará 130 pontos para Peer. É o que conquistou em 2008 e não defendeu em Dubai. Vai pagar a ela US$ 44.250. Anna Lena Groenefeld, que jogaria duplas com Peer, receberá US$ 7.950. AINDA SOBRE DUBAI Andy Roddick, devido à polêmica de vistos para israelenses, não defenderá o título. Federer e Nadal não jogarão, mas alegam contusão. reandaku@uol.com.br Texto Anterior: Santos: Vagner Mancini tira Bolaños da equipe titular Próximo Texto: O que ver na TV Índice |
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