São Paulo, quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

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baixos e altos

Corinthians vai do drama ao alívio

Volante brilha em um Pacaembu lotado e determina vitória corintiana sobre time uruguaio na estreia na Libertadores

Corinthians 2
Racing 1


PAULO GALDIERI
RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Holofotes e fumaça para realçar a entrada de jogadores, helicóptero de TV para filmar o estádio antes do jogo, ingressos a até R$ 300 e fogos multicores. A estreia corintiana na Libertadores da América foi cercada por ares de superprodução.
E foi um roteiro com surpresa, drama, violência, suspense. E um herói. Todos os elementos presentes na primeira vitória do time do Parque São Jorge na competição continental, de virada, contra o Racing.
Protagonistas, os jogadores corintianos entraram em campo antes do jogo para um inédito aquecimento pré-jogo, sob os gritos da plateia. Era a elite de elenco estelar, com R$ 110 milhões/ano de orçamento.
Figurantes, os atletas do Racing entraram de cinza, discretos, sob as vaias. Eram meros coadjuvantes no espetáculo, com custo de R$ 800 mil/ano.
Mas, com menos de um minuto de jogo, a festa preparada pela diretoria corintiana ameaçou se transformar em drama. Parecia repetir a história do time do Parque São Jorge nas últimas Libertadores.
Os fogos ainda estouravam, entre eles alguns verdes, quando Canteruccio abriu o placar para o Racing de Montevidéu.
A surpresa poderia ser um elemento de suspense na peça. Mas não parecia combinada com os protagonistas.
Não era, afinal, uma formação ensaiada. O mandante exibia a décima formação do Corinthians no ano, em dez jogos. Havia ainda a novidade da presença de Deferederico entre os titulares pela primeira vez.
O desentrosamento e a surpresa fizeram os corintianos passarem a exalar o nervosismo de estreantes.
O Racing fugia do papel de figurante: não se limitava a se fechar e também ameaçava com contra-ataques.
O Corinthians tentou retomar o seu papel principal e pressionar o rival. Foi assim que Tcheco e Elias acertaram, enfim, um diálogo. Aos 11min, o passe do meia encontrou o volante, livre, para empatar.
Esse lampejo salvou o primeiro tempo corintiano, que via a estrela da companhia, Ronaldo, fora de forma e até de posição, quando recuava.
"A gente imaginava sempre que ia ser uma competição difícil. Precipitou um pouco no jogo", dizia Tcheco, no intervalo.
Diante do problema, o técnico Mano Menezes decidiu improvisar, de novo, no segundo tempo. Escalou formação inédita na frente, com Souza no lugar de Defederico, para apelar mais a bolas na área.
A plateia, surpresa, aplaudiu. Era a chance de o vilão da temporada se redimir.
Para isso, foi preciso que os figurantes servissem de escada para os protagonistas. Flores deu carrinho violento em Elias e foi expulso pelo árbitro.
Ainda houve um tempo de suspense antes da redenção dos atores principais. Essa surgiu em jogada de Souza e Ronaldo. Ambos deixaram Elias na cara do gol para virar o jogo, aos 25min do segundo tempo.
"Elias, Elias, Elias", gritava a plateia ao volante. Roubou a cena de Ronaldo, que, cansado e fora de forma, tornou-se um coadjuvante na noite.
Com o Racing cada vez mais figurante, o público das galerias, que não lotou seu setor, cantava e ria quando seu time tocava a bola. Aqueles do setor mais nobre, que encheram seus assentos, aplaudiam.
Ao final, a música foi o complemento do espetáculo. Vistos ontem, os holofotes, a fumaça e os fogos foram elementos comuns nas últimas finais de Libertadores. O Corinthians espera continuar a festa até lá.


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