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baixos e altos
Corinthians vai do drama ao alívio
Volante brilha em um Pacaembu lotado e determina vitória corintiana sobre time uruguaio na estreia na Libertadores
Corinthians 2
Racing 1
PAULO GALDIERI
RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Holofotes e fumaça para
realçar a entrada de jogadores,
helicóptero de TV para filmar o
estádio antes do jogo, ingressos
a até R$ 300 e fogos multicores.
A estreia corintiana na Libertadores da América foi cercada
por ares de superprodução.
E foi um roteiro com surpresa, drama, violência, suspense.
E um herói. Todos os elementos presentes na primeira vitória do time do Parque São Jorge
na competição continental, de
virada, contra o Racing.
Protagonistas, os jogadores
corintianos entraram em campo antes do jogo para um inédito aquecimento pré-jogo, sob
os gritos da plateia. Era a elite
de elenco estelar, com R$ 110
milhões/ano de orçamento.
Figurantes, os atletas do Racing entraram de cinza, discretos, sob as vaias. Eram meros
coadjuvantes no espetáculo,
com custo de R$ 800 mil/ano.
Mas, com menos de um minuto de jogo, a festa preparada
pela diretoria corintiana ameaçou se transformar em drama.
Parecia repetir a história do time do Parque São Jorge nas últimas Libertadores.
Os fogos ainda estouravam,
entre eles alguns verdes, quando Canteruccio abriu o placar
para o Racing de Montevidéu.
A surpresa poderia ser um
elemento de suspense na peça.
Mas não parecia combinada
com os protagonistas.
Não era, afinal, uma formação ensaiada. O mandante exibia a décima formação do Corinthians no ano, em dez jogos.
Havia ainda a novidade da presença de Deferederico entre os
titulares pela primeira vez.
O desentrosamento e a surpresa fizeram os corintianos
passarem a exalar o nervosismo de estreantes.
O Racing fugia do papel de figurante: não se limitava a se fechar e também ameaçava com
contra-ataques.
O Corinthians tentou retomar o seu papel principal e
pressionar o rival. Foi assim
que Tcheco e Elias acertaram,
enfim, um diálogo. Aos 11min, o
passe do meia encontrou o volante, livre, para empatar.
Esse lampejo salvou o primeiro tempo corintiano, que
via a estrela da companhia, Ronaldo, fora de forma e até de
posição, quando recuava.
"A gente imaginava sempre
que ia ser uma competição difícil. Precipitou um pouco no jogo", dizia Tcheco, no intervalo.
Diante do problema, o técnico Mano Menezes decidiu improvisar, de novo, no segundo
tempo. Escalou formação inédita na frente, com Souza no lugar de Defederico, para apelar
mais a bolas na área.
A plateia, surpresa, aplaudiu.
Era a chance de o vilão da temporada se redimir.
Para isso, foi preciso que os
figurantes servissem de escada
para os protagonistas. Flores
deu carrinho violento em Elias
e foi expulso pelo árbitro.
Ainda houve um tempo de
suspense antes da redenção
dos atores principais. Essa surgiu em jogada de Souza e Ronaldo. Ambos deixaram Elias
na cara do gol para virar o jogo,
aos 25min do segundo tempo.
"Elias, Elias, Elias", gritava a
plateia ao volante. Roubou a cena de Ronaldo, que, cansado e
fora de forma, tornou-se um
coadjuvante na noite.
Com o Racing cada vez mais
figurante, o público das galerias, que não lotou seu setor,
cantava e ria quando seu time
tocava a bola. Aqueles do setor
mais nobre, que encheram seus
assentos, aplaudiam.
Ao final, a música foi o complemento do espetáculo. Vistos
ontem, os holofotes, a fumaça e
os fogos foram elementos comuns nas últimas finais de Libertadores. O Corinthians espera continuar a festa até lá.
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