São Paulo, sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

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XICO SÁ

Café dos campeões


É trabalho em vão pensar na organização do futiba brasuca. O que interessa é a Copa do Brasil

AMIGO TORCEDOR, amigo secador, refletindo aqui com o chapa Kurt Vonnegut, a quem sempre recorro quando piro e não entendo nada, chegamos a conclusão alguma sobre a sinuca administrativa em que o futebol está metido, mas alguns pensamentos decantaram, naturalmente, em nossos cocurutos.
É, velho, Kurt, como dizes no genial "Café da manhã dos campeões" (L&PM Pocket), nós, miseráveis escribas, ganhamos o pão e o vinho sendo inconvenientes. Assentemos, pois, neste nonagenário papiro, algumas reflexivas bromas:
1) Por que não entregar às mulheres, definitivamente, clubes e federações? É a única área em que elas não apitam quase nada, embora haja uma ou outra Patrícia no comando de um clube de massa.
2) Só as mulheres -os homens já tentaram muitas vezes- conseguiriam derrubar do poder o faraó Ricardo Teixeira, o Tutancamon da CBF. Nosso coro é antigo e parece sempre abafado, sem eco.
3) Que azar o nosso, quando aparece alguém para enfrentar o monopólio, a origem da grana é de um sacrificado dízimo. Se bem que, sejamos bíblicos, cada um, seja pobre ou milionário, tem todo o direito de fazer o que bem entende com a sua crença e com o sagrado suor do seu rosto.
Intervalo das reflexões: o velho Kurt, chegado a um malabarismo, ficou encantado com o massagista do Comercial-PI, o Bode dos Carnaubais. Trata-se do Bomba, amigo, que antes de atender em campo os guerreiros da terra do primeiro homem das Américas, dá saltos mortais que curam o mais abatido dos homens.
4) "Melhor a gente não continuar gastando os miolos", diz o maior satirista das Américas (1922- -2007), que prefere a arte do Bomba à malandragem financeira de confederações e demais grêmios ludopédicos. Tens razão, camarada Kurt, é trabalho perdido pensar na organização do futiba brasuca. Vamos ao que interessa.
A parada é Copa do Brasil, mestre. Aliás, tem um time digno da sua ficção científica. Tua cara. O Trem, de Macapá. O estádio de tal sítio é o Zerão, cuja linha divisória do gramado é a do Equador, a que separa os hemisférios Norte/Sul, acreditas?
O mascote da equipe é um maquinista do futuro. Parece tuas viagens. Esmagou o Timbu, do Recife, no primeiro embate. Em compensação, Kurt, o teu Botafogo -ninguém era mais alvinegro na face da terra- perdeu para o River Plate de Carmópolis, Sergipe, pátria do nosso Joel Silveira, o víbora, lembras?, outro fã incondicional da tua pena.

xico.folha@uol.com.br

@xicosa



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