UOL


São Paulo, terça-feira, 25 de março de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FUTEBOL

Preparador físico alertou para as chances de lesão do atleta "turbinado", que faz reforço muscular há dois anos

São Paulo sabia do risco do "Superkaká"

MARÍLIA RUIZ
DA REPORTAGEM LOCAL

Desequilíbrio muscular, principalmente do membro inferior. Lesões de músculos adutores ou posteriores. Segundo o preparador físico do São Paulo, Fábio Mahseredijan, esses são os riscos que o programa de fortalecimento muscular a que Kaká foi submetido pode causar se não for bem planejado.
Na revista oficial do clube deste mês, além dessa revelação, Mahseredijan foi além. Afirmou que, apesar de ainda não haver consenso médico sobre o assunto, o programa de fortalecimento pode provocar contusões no joelho como as de Ronaldo.
"Se você tem uma massa muscular anterior [das pernas] muito forte, isso pode provocar uma tensão muito grande no tendão patelar, podendo até rompê-lo. Eles [médicos] não conseguem afirmar que essa foi a causa específica do rompimento do tendão patelar. Isso é uma hipótese", afirmou Mahseredijan.
Kaká está com uma contusão na coxa direita desde 19 de fevereiro, data da primeira partida contra o São Raimundo, estréia do time na Copa do Brasil. De lá para cá o jogador, que não fez pré-temporada porque esteve no Catar em janeiro junto com a seleção sub-23, tem treinado separadamente para se recuperar. Reclamou disso, afirmou que sente falta dos treinos coletivos e que às vezes teme "estourar de vez" a sua contusão.
José Sanchez, médico do São Paulo, acha que o temor do atleta só será corrigido com o tempo e nega que a contusão muscular, que o atrapalha há mais de um mês e que o deixou de fora da final do Paulista, nada tem a ver com o programa de fortalecimento muscular, que o fez pular de 71 kg em janeiro de 2001, quando ele "apareceu" nas finais do Rio-São Paulo, para os atuais 82 kg.
"O Kaká é um jogador muito bem preparado e importante para o grupo. Antes da final já havíamos traçado um plano de recuperação que ele fará a partir de agora e faria mesmo que tivesse jogado contra o Corinthians. Ele vai ficar de três a quatro semanas fora para se recuperar", afirmou o médico.
O fisiologista do clube, Turíbio Leite de Barros, também disse não acreditar que a contratura de Kaká tenha sido por causa da musculação. Defendeu que o programa não expõe o jogador à lesão e, sim, o protege. Barros acredita, entretanto, que só o afastamento dos treinos e dos jogos poderá reabilitar Kaká.
"A lesão que ele tem é até simples. Uma contratura. Acontece com todo jogador. Ele precisa é de repouso. Mas ele teve esse problema às vésperas de jogos decisivos. O tratamento ficou um pouco comprometido por causa disso. É importante frisar que o Kaká jogou, quando jogou, porque foi clinicamente liberado para isso", disse o fisiologista que também confirmou que o meia fez uso de creatina, substância sintetizada no organismo que melhora o condicionamento físico. "80% dos jogadores que fazem trabalho de fortalecimento muscular usam a creatina. Já é uma rotina médica."


Texto Anterior: Automobilismo: Gil de Ferran recebe alta após acidente em Phoenix
Próximo Texto: Para dirigente, problema de atletas é mental
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.