São Paulo, quarta-feira, 25 de março de 2009

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VIPs

Grandes de SP terceirizam bilheteria às organizadas

Clubes separam ingressos para torcidas envolvidas em confusões recentes

Nos dois clássicos violentos, Corinthians e Santos dão privilégio a uniformizadas; Palmeiras e São Paulo fazem o mesmo em outros jogos

EDUARDO ARRUDA
RENAN CACIOLI
RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Protagonistas nos dois últimos casos de violência em estádios, as torcidas organizadas são privilegiadas por diretorias dos grandes clubes paulistas na distribuição de ingressos.
Corinthians, Santos e Palmeiras separaram entradas para suas uniformizadas em jogos de grande interesse. O São Paulo vende ingressos em pacote às suas torcidas somente em partidas de menor apelo.
O privilégio a esses grupos aumenta sua presença nos estádios, principalmente em jogos em que o clube é visitante.
Foi o que ocorreu nos clássicos São Paulo x Corinthians e Corinthians x Santos. Ambas as partidas tiveram brigas envolvendo as uniformizadas.
No domingo, a diretoria do Santos, que era o time visitante, recebeu 2.200 ingressos do Corinthians. Desse total, mil foram dados à Torcida Jovem, que os revendeu em sua sede em São Paulo. Santistas da capital tinham de comprar lá.
"Saíram da sede 300 pessoas, sem escolta, para o Pacaembu. Havia pessoas de fora da organizada", ressalvou o presidente da torcida, Marcos Santos.
Sua torcida pegou os bilhetes e, depois de vendê-los, repassou o dinheiro ao clube. É prática rotineira, segundo a diretoria santista, que disse que isso facilita a venda na capital.
No clássico contra o São Paulo, a diretoria do Corinthians deu toda a carga de 4.000 arquibancadas às organizadas. Só recebeu o pagamento após a venda dos bilhetes, que ocorreu nas sedes das torcidas.
Naquele jogo, a Gaviões da Fiel ficou com 2.000 bilhetes. Segundo a diretoria da torcida, sempre é pedida uma cota separada ao clube, que decide quanto vai lhe enviar.
Torcedores comuns podem comprar, desde que acompanhados de sócios. O dinheiro é dado ao clube após o jogo.
O presidente corintiano, Andres Sanchez, é criticado por conselheiros por sua relação próxima às organizadas. Até frequenta a quadra da Gaviões.
Com carga reduzida de visitante, de 6.800 ingressos, a diretoria do Palmeiras disse que não dará bilhetes às uniformizadas para o clássico com o São Paulo, no sábado.
A diretoria admitiu que eram repassados bilhetes às torcidas em 2008, o que acabou no início do ano com o novo presidente, Luiz Gonzaga Belluzzo.
"Temos ordens peremptórias de não ceder ingressos para organizadas. Estou aqui desde o início do Paulista, em nenhum jogo isso foi feito", disse o tesoureiro palmeirense, Franciso Busico. Mas não é o que diz a Mancha Alviverde, principal organizada do time.
"A gente nunca teve direito à cota [gratuitamente]. Mas, dependendo do jogo, a gente vai lá e compra uma quantidade de ingressos", declarou André Guerra, presidente da torcida.
Foi o que ocorreu no clássico com o Corinthians, já na gestão Belluzzo, quando a uniformizada pagou e levou 1.500 bilhetes. Contra o São Paulo, a Mancha não fez reserva de bilhetes.
A diretoria do São Paulo separa ingressos para a torcida em jogos pequenos. "Eles compram, mas têm que pagar na hora e, depois, revendem. Mas que fique claro que não é posto de venda", contou Adalberto Baptista, diretor de marketing.
A Independente confirmou e reclamou. "Só nos dão quando ninguém quer ir", contou Marcelo Buzio, presidente da principal organizada tricolor.


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