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Fifa proíbe camisa estampada e cria o seu uniforme
Funcionários sul-africanos que trabalham em estádios da Copa são obrigados a usar calça cinza e camiseta branca
Preocupada com a proteção de seus patrocinadores, entidade vigia o vestuário dos seguranças e não quer marcas expostas na TV
FÁBIO ZANINI
ENVIADO ESPECIAL A NELSPRUIT
"Se você quer trabalhar para
a Fifa, tem que usar calça cinza
e camiseta branca sem nenhuma estampa. Se não tiver, compre uma ou pegue emprestado.
Mas resolva isso logo!"
Sob sol escaldante, o aviso foi
dado pela impaciente representante de uma empresa contratada pela Fifa para fazer a segurança do estádio Mbombela,
em Nelspruit, a cerca de 350
km de Johannesburgo.
Na plateia, cerca de 500 pessoas da região, interessadas em
ganhar um extra trabalhando
em uma das quatro partidas da
Copa do Mundo previstas para
o estádio recém-construído (na
verdade, ainda em fase final de
obras), que possui capacidade
para 46 mil torcedores.
"As mulheres devem usar
meias apropriadas e discretas.
Nada de rosa choque", prosseguiu a funcionária, usando um
megafone, numa palestra improvisada na arquibancada do
estádio que foi acompanhada
ontem à tarde pela Folha.
A preocupação da Fifa com a
proteção de seus patrocinadores desce até ao detalhamento
da cor da roupa a ser utilizada
na segurança dos jogos da Copa. "Eles pedem que ninguém
que trabalhe conosco use qualquer marca que possa ser vista
na TV", afirmou um representante da empresa Fidelity, contratada pela entidade, que pediu para não ser identificado.
A Fidelity, uma das principais empresas sul-africanas do
ramo de segurança, cuida do
Mbombela e do estádio Peter
Mokaba, em Polokwane. Outras quatro empresas do ramo
estão responsáveis pelos outros oito estádios da Copa.
A contratação de segurança
privada será utilizada pela Fifa
para o que é chamado de "administração de multidões". São
tarefas simples, como dar
orientação aos torcedores de
por onde entrar, por onde sair,
onde sentar e aonde ir.
Os contratados da Fidelity e
das outras companhias farão a
operação do estacionamento.
Muitos estarão nos arredores
do campo, bem no raio de ação
das câmeras, daí a preocupação
com a vestimenta discreta e
sem nenhuma estampa.
Além deles, haverá para cada
jogo um contingente policial a
postos para entrar em ação em
caso de situação de conflito.
Para cada partida, há um potencial de risco determinado
pela Fifa, que varia conforme a
relevância do jogo e o perfil dos
torcedores, segundo explicou o
representante da empresa. Para os de menor risco, a proporção é de um segurança para cada cem torcedores. Para os de
maior risco, de um para 50.
Em Nelspruit, o esquema será testado no próximo sábado,
quando um culto religioso deve
reunir 20 mil pessoas para uma
bênção ao novo estádio.
Cada segurança ganhará lanche, suco e remuneração por
um dia de trabalho. Mas ninguém ontem sabia quanto receberia. "Estou esperando para
ver se o dinheiro é bom", afirmou uma senhora na plateia.
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