São Paulo, quinta-feira, 25 de março de 2010

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Fifa proíbe camisa estampada e cria o seu uniforme

Funcionários sul-africanos que trabalham em estádios da Copa são obrigados a usar calça cinza e camiseta branca

Preocupada com a proteção de seus patrocinadores, entidade vigia o vestuário dos seguranças e não quer marcas expostas na TV

FÁBIO ZANINI
ENVIADO ESPECIAL A NELSPRUIT

"Se você quer trabalhar para a Fifa, tem que usar calça cinza e camiseta branca sem nenhuma estampa. Se não tiver, compre uma ou pegue emprestado. Mas resolva isso logo!"
Sob sol escaldante, o aviso foi dado pela impaciente representante de uma empresa contratada pela Fifa para fazer a segurança do estádio Mbombela, em Nelspruit, a cerca de 350 km de Johannesburgo.
Na plateia, cerca de 500 pessoas da região, interessadas em ganhar um extra trabalhando em uma das quatro partidas da Copa do Mundo previstas para o estádio recém-construído (na verdade, ainda em fase final de obras), que possui capacidade para 46 mil torcedores.
"As mulheres devem usar meias apropriadas e discretas. Nada de rosa choque", prosseguiu a funcionária, usando um megafone, numa palestra improvisada na arquibancada do estádio que foi acompanhada ontem à tarde pela Folha.
A preocupação da Fifa com a proteção de seus patrocinadores desce até ao detalhamento da cor da roupa a ser utilizada na segurança dos jogos da Copa. "Eles pedem que ninguém que trabalhe conosco use qualquer marca que possa ser vista na TV", afirmou um representante da empresa Fidelity, contratada pela entidade, que pediu para não ser identificado.
A Fidelity, uma das principais empresas sul-africanas do ramo de segurança, cuida do Mbombela e do estádio Peter Mokaba, em Polokwane. Outras quatro empresas do ramo estão responsáveis pelos outros oito estádios da Copa.
A contratação de segurança privada será utilizada pela Fifa para o que é chamado de "administração de multidões". São tarefas simples, como dar orientação aos torcedores de por onde entrar, por onde sair, onde sentar e aonde ir.
Os contratados da Fidelity e das outras companhias farão a operação do estacionamento. Muitos estarão nos arredores do campo, bem no raio de ação das câmeras, daí a preocupação com a vestimenta discreta e sem nenhuma estampa.
Além deles, haverá para cada jogo um contingente policial a postos para entrar em ação em caso de situação de conflito.
Para cada partida, há um potencial de risco determinado pela Fifa, que varia conforme a relevância do jogo e o perfil dos torcedores, segundo explicou o representante da empresa. Para os de menor risco, a proporção é de um segurança para cada cem torcedores. Para os de maior risco, de um para 50.
Em Nelspruit, o esquema será testado no próximo sábado, quando um culto religioso deve reunir 20 mil pessoas para uma bênção ao novo estádio.
Cada segurança ganhará lanche, suco e remuneração por um dia de trabalho. Mas ninguém ontem sabia quanto receberia. "Estou esperando para ver se o dinheiro é bom", afirmou uma senhora na plateia.



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