São Paulo, terça-feira, 25 de abril de 2006

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Política define sucessor de Leão e futuro do Palmeiras

Após a queda do técnico, disputa interna entre diretores e premissa de que Libertadores já está "perdida" norteiam escolha; técnico do time B comanda time contra São Paulo e Santos

PAULO GALDIERI
DA REPORTAGEM LOCAL

Emerson Leão já não é mais o técnico do Palmeiras. No seu lugar, por enquanto, nada de um novo treinador. Quem ganha ainda mais espaço no conturbado ambiente do Parque Antarctica é a disputa política, travada abertamente no clube entre diretores.
A demissão de Leão e a sua sucessão compõem mais dois capítulos na luta por poder no clube.
Depois da queda-de-braço entre o diretor de futebol Salvador Hugo Palaia, favorável à permanência de Leão, e o vice-presidente José Cyrillo Jr., que era contra e que acabou ganhando a disputa, agora é a vez de um novo embate entre os diretores envolvidos na escolha do nome que terá a tarefa de tirar o time de uma profunda crise e conduzi-lo de volta aos trilhos do início da temporada, quando chegou a encaixar uma seqüência de sete vitórias.
Apesar de já terem delineado um perfil desejado para o futuro treinador palmeirense -algo diametralmente oposto ao estilo centralizador e duro de Leão, e que seja capaz, ao mesmo tempo, de se aproximar dos jogadores sem, no entanto, perder o comando do elenco- um nome de consenso (palavra da moda no conturbado ambiente palmeirense) ainda não apareceu.
Tite, Toninho Cerezo, Antônio Lopes, Geninho e Abel Braga foram os treinadores cogitados, mas nenhum deles acabou aclamado em meio à disputa política. Os três primeiros estão desempregados. Os outros estão trabalhando no Goiás e no Internacional, respectivamente.
Nem mesmo o fato de o Palmeiras ter dois jogos decisivos na principal competição que disputa neste ano -os clássicos contra o São Paulo pela Libertadores com o primeiro confronto marcado para amanhã- fez os dirigentes tentarem um rápido acordo para correr atrás de uma nova comissão técnica.
Na avaliação de membros da cúpula palmeirense, estrear um técnico nas oitavas-de-final da Libertadores "o queimaria". Isso porque, entre esses diretores, a desclassificação contra o São Paulo é dada como certa.
Ponto comum entre os nomes de treinadores citados é que todos têm seus defensores dentro da cúpula tentando emplacar seu preferido para tentar demonstrar poder dentro do clube.
Salvador Palaia, o diretor de futebol que saiu enfraquecido pela demissão de Leão -seu amigo pessoal e técnico preferido- e José Cyrillo, polarizam o embate. Eles, ao lado do presidente Affonso della Monica, formam o trio que tem decidido os futuros do departamento de futebol.
Enquanto o vice-presidente se mostrava, até a noite de ontem, indeciso qual nome apoiaria, o diretor de futebol passou o dia tentando mostrar que seu poder não fora tão arranhado.
"Tite, não. Cerezo, não", dizia Palaia sobre nomes que agradam a Cyrillo, mas que preferiu "não falar nada" sobre Antonio Lopes, Geninho e Abel.
Com o impasse, Marcelo Vilar, treinador do Palmeiras B, foi definido como interino para o primeiro jogo com o São Paulo e o encontro com o Santos, domingo, pelo Campeonato Brasileiro.
"Vamos observar o trabalho dele. Mas ele pode ser uma revelação", afirmou Cyrillo.
A demissão de Leão já havia ganhado contornos de disputa interna. Palaia era contra a saída. Cyrillo, a favor. Prevaleceu a vontade do vice-presidente.
Palaia foi quem, na noite de anteontem, comunicou, às lágrimas, a decisão a Leão. Ontem o técnico foi ao clube para ratificar sua saída e falar com Della Monica. Junto com Leão, o auxiliar Pedro Santilli e o preparador físico Fernando Leão também saíram do clube.
A crise palmeirense, apimentada pela goleada (6 a 1) do último sábado sofrida contra o Figueirense, fez a procura por ingressos para o primeiro jogo dos mata-matas da Libertadores ser pequena entre os palmeirenses. Maior interesse tiveram os são-paulinos, que se acotovelaram no Morumbi pelos 2.100 lugares destinados a eles no Parque Antarctica.


Colaborou Kleber Tomaz, da Reportagem Local

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