São Paulo, sexta-feira, 25 de abril de 2008

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SP assume identidade radical

Prefeitura da capital investe R$ 450 mil para receber pela primeira vez os X-Games, no Anhembi Para secretário, esportes radicais devem ser tratados como os olímpicos, pois teriam maior apelo entre os jovens da periferia da cidade

MARIANA BASTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

O ano é de Jogos Olímpicos em Pequim, mas, em São Paulo, as atenções estão voltadas para as acrobacias de skates, motos e bikes. A cidade sedia, de hoje a domingo, no Sambódromo do Anhembi, a primeira edição nacional dos X-Games, evento que é considerado a Olimpíada dos esportes radicais.
Para o secretário municipal de Esportes, Walter Feldman, o evento se identifica bastante com a cidade, que apresenta uma cultura urbana propícia à prática de esportes radicais.
"Os esportes radicais estão "bombando" aqui. Estamos fazendo um trabalho de base e, com isso, podemos nos aproximar do jovem que gosta da cultura de rua, do skate e do rap, bastante relacionados às características da cidade", analisa.
Nos X-Games do Brasil, haverá a apresentação de shows, fato inédito no evento, realizado originalmente em Los Angeles. Charlie Brown Jr. e CPM 22, bandas cultuadas por skatistas, serão as atrações.
Segundo pesquisa do Datafolha realizada em 2002, São Paulo é a capital brasileira com o maior número de praticantes de skate: cerca de 358 mil domicílios têm adeptos da modalidade. Esse número corresponde a quase o dobro do que foi constatado na segunda capital do ranking, o Rio de Janeiro, com 180 mil domicílios.
Para os organizadores, a estrutura apresentada e a identificação do paulistano com as modalidades foram fundamentais para a escolha de São Paulo em detrimento do Rio, apesar de a capital fluminense já ter sediado três etapas latino-americanas dos X-Games.
"O visual do Rio é muito bonito, mas São Paulo tem uma ótima estrutura e uma identidade fortemente ligada ao skate", comenta Germán Hartenstein, diretor-geral da ESPN, um dos organizadores do evento.
O investimento total aplicado no evento é cerca de quatro vezes superior às seletivas realizadas no Rio. Mesmo sendo realizados pela primeira vez no Brasil, os X-Games de São Paulo já são considerados o segundo maior do mundo, perdendo apenas para o de Los Angeles.
Hartenstein crê que o público das cidades do ABC paulista, reconhecidas por produzirem alguns dos melhores skatistas do país, podem contribuir para o sucesso do evento.
Sandro Dias, pentacampeão mundial da modalidade, é de Santo André. "É uma honra participar dos X-Games justamente competindo em casa, em São Paulo", disse ele.
Devido ao potencial da cidade, a secretaria não se intimida em apostar tanto nos esportes radicais quanto nos olímpicos.
Para o evento, o secretário diz que a prefeitura gastou R$ 450 mil, quantia equiparável aos R$ 500 mil investidos no Sul-Americano de Desportos Aquáticos, realizado em março.
"Para uma boa parte da população jovem de baixa renda, a Olimpíada passa ao largo. Eles se ligam muito mais a um evento como os X-Games", afirma Feldman. "Do ponto de vista social, os X-Games mostram que a violência pode ser substituída por adrenalina pura", conclui o secretário.


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