Composto liso, que deve ser usado em 2009, faz tempos caírem em treino, e pilotos dizem estar sem referências de concorrentes

TATIANA CUNHA
ENVIADA ESPECIAL A BARCELONA

De Kimi Raikkonen, campeão do mundo e líder do Mundial, a Rubens Barrichello, que ainda não marcou pontos em 2008, uma frase foi ouvida na maioria das entrevistas concedidas ontem em Barcelona.
"Não temos uma idéia muito clara do que vai ser a corrida porque pelos testes da semana passada é difícil tirar conclusões", falou o primeiro, depois seguido por seu iguais durante o resto do dia na Espanha.
O fato de a maioria das equipes ter testado no circuito catalão, ao invés de ajudar, acabou confundindo a F-1 em sua primeira corrida européia do ano, que hoje terá treinos livres.
Isso porque, além de preparação para o GP de domingo, os treinos serviram para testar os pneus lisos, que muito provavelmente voltarão a ser usados na temporada que vem. Como a superfície de contato com o solo sem as ranhuras é maior, os carros ganham mais aderência e os tempos despencam.
"Acredito que demos um passo adiante, mas é muito difícil saber onde estaremos e qual será a diferença", afirmou Lewis Hamilton, da McLaren, terceiro no Mundial de Pilotos.
"Estou empolgado de estar de volta à Europa, perto de casa, mas vai ser uma disputa apertada. Difícil dizer quem estará melhor. Vencerá quem tiver a melhor estratégia."
Outro que fez coro ao discurso padrão foi o herói local, Fernando Alonso. "Acredito que evoluímos, mas só pelos testes é impossível ler algo, já que cada um testou com uma quantidade de combustível diferente, uns usaram pneus lisos, outros não", declarou o bicampeão.
"Focamos só no nosso carro, que acho que está uns dois ou três décimos mais veloz", disse Alonso, creditando a melhora principalmente ao novo pacote aerodinâmico da Renault e a um novo amortecedor, que agradou também a seu companheiro, Nelsinho Piquet.
"Esse amortecedor pelo menos abre uma nova janela para nos desenvolvermos", afirmou o brasileiro. "Mas não dá para saber ainda como nós estamos comparados aos outros."
Até Rubens Barrichello, cujo melhor resultado neste ano foi um 11º lugar em Sakhir, embarcou na fala dos demais. "Acho que melhoramos na semana passada, mas não sabemos o quanto os outros também melhoraram", disse ele. "Mas acredito que estamos quase meio segundo mais velozes. Acho que poderemos ficar entre os dez na classificação", afirmou.
Um dos únicos que fugiu um pouco do discurso padrão ontem foi Felipe Massa, ganhador do GP da Espanha no ano passado e que vem de vitória na última corrida, no Bahrein.
"Tive dois dias de treinos excepcionais aqui. Apesar de ter andado com os slick e a pista estar muito suja no primeiro dia, consegui bater o recorde do circuito, o que mostra que estamos no caminho certo", afirmou o ferrarista, cujo time usará em Barcelona o novo bico "furado", que causou alvoroço nos testes da semana passada.
"Não é isso que vai fazer a diferença, mas como é uma coisa visível, todo mundo acaba comentando. Esse bico é parte da nossa evolução, mas ela acontece devagar, com uma pecinha aqui e outra ali, como fizemos na temporada passada."