São Paulo, domingo, 25 de abril de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Governo atrasa projetos da Rio-2016

Confederações apontam lentidão do ministério em plano para tornar Brasil potência olímpica e já falam em prejuízos

União não liberou até agora verba que foi prometida em 2009 para que fossem dados os primeiros passos para a preparação da Olimpíada

DA REPORTAGEM LOCAL

Apenas sete meses após o Rio ganhar a disputa para sede olímpica, já há atraso em projetos esportivos e de organização para os Jogos de 2016.
Até agora não foi liberado nada dos R$ 300 milhões prometidos pelo Ministério do Esporte em novembro. A verba daria início a programas olímpicos, e parte desse dinheiro -R$ 120 milhões- seria aplicada especificamente no plano para tornar o país uma "potência".
Só que a proposta para instituí-lo está travada há quase cinco meses no governo, que recebeu em dezembro pedidos de verbas das confederações olímpicas. "O Ministério do Esporte está finalizando uma proposta de incremento do esporte olímpico e paraolímpico no país", informou a assessoria da pasta.
O principal motivo para a paralisação é uma discussão entre o comitê e o governo em relação ao formato do projeto, segundo dirigentes das confederações. A entidade e a pasta negam as desavenças.
Enquanto isso, confederações já relataram um atraso no plano de longo prazo para 2016.
"Quando o presidente [Carlos Arthur] Nuzman [do Comitê Olímpico Brasileiro] nos convocou, definiu um prazo curto para os projetos. Entendíamos que o investimento seria imediato", contou o presidente da confederação de pentatlo moderno, Hélio Meirelles. "O número de tarefas que temos pela frente é enorme."
As modalidades que contam com menos recursos financeiros foram as mais prejudicadas. "Praticamente, perdemos um ano de preparação", afirmou o presidente da confederação de tênis de mesa, Alaor Azevedo.
Os esportes com mais tradição no país sofreram menos danos. "Não tivemos atrasos. Não deixamos de viajar. Podem ser feitas adequações posteriores, quando vier a verba", disse o presidente da confederação de judô, Paulo Wanderley.
As confederações levaram cerca de R$ 34 milhões por meio da Lei Piva em 2009. Esse valor pode triplicar com a liberação de verba prevista pelo governo. E pode até ser multiplicado por sete se todas as reivindicações forem atendidas.
Há ainda o caso das duas confederações que receberam status de olímpicas (golfe e rúgbi), que só terão verbas da Lei Piva a partir de 2012, segundo o COB. Por ora, só terão recursos do comitê por meio de projetos esporádicos. "Ainda estamos em negociação com o COB", contou o presidente da confederação de golfe, Rachid Orra.
Fora do campo esportivo, o ministério também fez pouco. Até agora não houve recurso governamental para o comitê organizador da Rio-2016.
Ainda com uma equipe reduzida, como previsto, o comitê tem sido administrado com verba privada de sobras da campanha olímpica. Foram R$ 5,5 milhões restantes do investimento feito pelo empresário Eike Baptista, entre outros.
Em outubro, o ministério dizia que também tinha "restos da candidatura" e que parte seria repassada até o final daquele ano ao comitê. Houve outra promessa, de R$ 15 milhões, do total inicial a ser investido.
Outra tarefa nas mãos do governo é a constituição da APO (Autoridade Pública Olímpica), órgão que tocará as obras por parte da administração pública, com governos municipal, estadual e federal. O Comitê Olímpico Internacional pediu que estivesse constituída em abril. Mas a APO só deve ser apresentada em maio, na visita do COI ao Brasil, pois seu formato ainda é discutido pelos governo.
O comitê da Rio-2016 cumpriu os prazos do COI para estabelecer seu estatuto e boa parte de seus integrantes. Mas, na esfera do governo, os primeiros passos olímpicos têm sido lentos. (RODRIGO MATTOS)


Texto Anterior: Juca Kfouri: Passa, passa, Paulistinha!
Próximo Texto: Outro lado: Ministério nega demora em atos olímpicos
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.