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Governo atrasa projetos da Rio-2016
Confederações apontam lentidão do ministério em plano para tornar Brasil potência olímpica e já falam em prejuízos
União não liberou até agora verba que foi prometida em 2009 para que fossem dados os primeiros passos para a preparação da Olimpíada
DA REPORTAGEM LOCAL
Apenas sete meses após o Rio
ganhar a disputa para sede
olímpica, já há atraso em projetos esportivos e de organização
para os Jogos de 2016.
Até agora não foi liberado nada dos R$ 300 milhões prometidos pelo Ministério do Esporte em novembro. A verba daria
início a programas olímpicos, e
parte desse dinheiro -R$ 120
milhões- seria aplicada especificamente no plano para tornar o país uma "potência".
Só que a proposta para instituí-lo está travada há quase cinco meses no governo, que recebeu em dezembro pedidos de
verbas das confederações olímpicas. "O Ministério do Esporte
está finalizando uma proposta
de incremento do esporte olímpico e paraolímpico no país",
informou a assessoria da pasta.
O principal motivo para a paralisação é uma discussão entre
o comitê e o governo em relação ao formato do projeto, segundo dirigentes das confederações. A entidade e a pasta negam as desavenças.
Enquanto isso, confederações já relataram um atraso no
plano de longo prazo para 2016.
"Quando o presidente [Carlos Arthur] Nuzman [do Comitê Olímpico Brasileiro] nos
convocou, definiu um prazo
curto para os projetos. Entendíamos que o investimento seria imediato", contou o presidente da confederação de pentatlo moderno, Hélio Meirelles.
"O número de tarefas que temos pela frente é enorme."
As modalidades que contam
com menos recursos financeiros foram as mais prejudicadas.
"Praticamente, perdemos um
ano de preparação", afirmou o
presidente da confederação de
tênis de mesa, Alaor Azevedo.
Os esportes com mais tradição no país sofreram menos danos. "Não tivemos atrasos. Não
deixamos de viajar. Podem ser
feitas adequações posteriores,
quando vier a verba", disse o
presidente da confederação de
judô, Paulo Wanderley.
As confederações levaram
cerca de R$ 34 milhões por
meio da Lei Piva em 2009. Esse
valor pode triplicar com a liberação de verba prevista pelo governo. E pode até ser multiplicado por sete se todas as reivindicações forem atendidas.
Há ainda o caso das duas confederações que receberam status de olímpicas (golfe e rúgbi),
que só terão verbas da Lei Piva
a partir de 2012, segundo o
COB. Por ora, só terão recursos
do comitê por meio de projetos
esporádicos. "Ainda estamos
em negociação com o COB",
contou o presidente da confederação de golfe, Rachid Orra.
Fora do campo esportivo, o
ministério também fez pouco.
Até agora não houve recurso
governamental para o comitê
organizador da Rio-2016.
Ainda com uma equipe reduzida, como previsto, o comitê
tem sido administrado com
verba privada de sobras da
campanha olímpica. Foram R$
5,5 milhões restantes do investimento feito pelo empresário
Eike Baptista, entre outros.
Em outubro, o ministério dizia que também tinha "restos
da candidatura" e que parte seria repassada até o final daquele ano ao comitê. Houve outra
promessa, de R$ 15 milhões, do
total inicial a ser investido.
Outra tarefa nas mãos do governo é a constituição da APO
(Autoridade Pública Olímpica),
órgão que tocará as obras por
parte da administração pública,
com governos municipal, estadual e federal. O Comitê Olímpico Internacional pediu que
estivesse constituída em abril.
Mas a APO só deve ser apresentada em maio, na visita do COI
ao Brasil, pois seu formato ainda é discutido pelos governo.
O comitê da Rio-2016 cumpriu os prazos do COI para estabelecer seu estatuto e boa
parte de seus integrantes. Mas,
na esfera do governo, os primeiros passos olímpicos têm
sido lentos.
(RODRIGO MATTOS)
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