São Paulo, domingo, 25 de maio de 2008

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TOSTÃO

No fundo da alma

Para quem gosta de futebol e não chorou pela derrota de seu querido time, o meio de semana foi sensacional

O MEIO DE de semana foi sensacional para quem gosta de futebol.
O Fluminense buscou no fundo da alma o terceiro gol.
Todos os grandes atletas, de todos os esportes, sabem, sem saber por que sabem, que existe no fundo da alma, onde moram estranhos, contraditórios e verdadeiros desejos, uma força, uma reserva, que não é a reserva moral, que vai além das qualidades técnicas e físicas.
Se o jogo do Maracanã fosse o primeiro, o Fluminense não teria a força que teve para buscar o terceiro gol.
Se a partida no Morumbi fosse a segunda, com o São Paulo precisando de mais um gol, o time buscaria no fundo da alma o segundo gol.
Se o jogo em Pernambuco, entre Sport e Vasco, fosse o segundo, com o Sport necessitando do terceiro gol, a equipe lutaria por mais um gol com muito mais garra.
Isso não significa que é sempre melhor decidir em casa. Há inúmeros exemplos que mostram o contrário.
Já li e escutei dezenas de argumentos dos dois lados e não cheguei a nenhuma conclusão.
Mas, com certeza, as partidas mais sensacionais, com os resultados mais inesperados, geralmente ocorrem no segundo jogo, quando os jogadores se livram das amarras, esquecem os detalhes táticos e arriscam tudo.
No segundo tempo, Muricy acertou ao colocar Aloísio e Joílson, e Renato errou a tirar Arouca, não pela entrada de Dodô.
O Fluminense perdeu o meio-campo, o São Paulo passou a dominar, empatou, parecia tudo definido, e ainda perdeu uma grande chance com Aloísio.
Porém, graças ao gol do Fluminense um minuto após o empate, ao talento de seus jogadores, à expulsão de Joílson (facilitou a pressão no final) e, principalmente, pela ajuda que os jogadores buscaram no fundo da alma, o Flu fez o terceiro gol. Discordo da maioria, que viu falhas de Alex Silva e/ou de Rogério Ceni nos três gols do Fluminense.
A decisão entre Manchester United e Chelsea foi também inesquecível. Cristiano Ronaldo, hoje o melhor do mundo, e o excepcional zagueiro Terry perderam pênaltis. Se o Manchester tivesse perdido, certamente alguém diria que Ronaldo pipocou, que não decide.
Por outro lado, o craque do time não deveria bater pênaltis. Ele tenta fazer algo espetacular, digno de seu prestígio, e costuma errar. Pênalti é para Belletti.
Foi bom ver o incansável Tevez e o atrevido Anderson serem campeões da Europa. Nunca entendi nada do que os dois falam, em qualquer idioma.
É inexplicável que um treinador experiente e inteligente, como Alfio Basile, da Argentina, prefira o moleirão e discreto Cruz a Tevez.
Por isso, aprendi a não acreditar nas idéias de um técnico antes de comandar uma seleção nem em discurso de político antes de ser governante. Eles mudam de lado.
Após a superquarta-feira, que começou na terça, na festa da torcida do Botafogo, e terminou na quinta, na Vila Belmiro, apesar da desclassificação do Santos, preciso ser poupado para os jogos de hoje.
Mas, parafraseando os jogadores, sou um profissional e vou para a luta, para tentar fazer o melhor.


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