Desde 1991, com Ayrton Senna, um brasileiro não é o mais rápido no treino oficial em Montecarlo

"Se tivesse que apostar, nunca teria dito que faria a pole", declara piloto da Ferrari, que não triunfa no principado desde 2001

Robert Pratta/Reuters

O brasileiro Felipe Massa, da Ferrari, segundo colocado do Mundial de F-1 com 28 pontos, vibra depois de conquistar a primeira posição no grid para o GP de Mônaco

TATIANA CUNHA
ENVIADA ESPECIAL A MÔNACO

A confirmação demorou até a primeira curva, mas assim que soube, via rádio, que havia cravado a pole para o GP de Mônaco, sexta etapa do Mundial de F-1, Felipe Massa não se conteve e teve um ataque de riso.
"Até agora eu não estou acreditando", dizia, às gargalhadas, após a sessão que definiu o grid da corrida que será hoje, às 9h.
"Foi um dia especial... Se tivesse que apostar, nunca teria dito que faria a pole", afirmou o ferrarista, cuja melhor posição de saída em Montecarlo fora o terceiro lugar, em 2007. Kimi Raikkonen, seu companheiro de equipe, larga em segundo. Lewis Hamilton, em terceiro.
"Minha primeira tentativa não foi boa, e vi que estava um pouco atrás do Kimi e do Lewis. Tinha que melhorar um pouquinho, mas acabei melhorando muito", falou. "Foi tudo tão perfeito que parecia que tinha alguém guiando pra mim."
Normalmente, largar na frente em Mônaco é importante, já que é quase impossível ultrapassar. Das 54 edições, 22 vezes o piloto que saiu na pole venceu. O último ferrarista a largar em primeiro e vencer foi Jody Scheckter, em 1979.
De lá para cá, aliás, a Ferrari ganhou outras quatro vezes -foram oito triunfos no total, no circuito em que tem pior desempenho. A última vez que a equipe venceu o GP de Mônaco foi em 2001, com Michael Schumacher. Foi dele também a última pole de um piloto da escuderia, um ano antes.
A pole de Massa serviu para provar que a equipe conseguiu se recuperar depois de ser massacrada pela McLaren nas ruas do principado no ano passado.
Depois do vexame, começou a trabalhar imediatamente no modelo deste ano. A principal mudança foi diminuir a distância entre os eixos de seu carro, para melhorar o desempenho em curvas de baixa velocidade e circuitos travados, como este -expediente usado pela adversária em 2007. Deu certo.
"Vínhamos sofrendo aqui há algum tempo e depois de 2007 passamos a trabalhar em idéias, especialmente para mudar o acerto do carro", contou Massa.
Mas, apesar da felicidade por largar na pole em Mônaco pela primeira vez -o último brasileiro a conseguir tal feito havia sido Ayrton Senna, em 1991-, Massa manteve o discurso cauteloso ao falar da corrida.
"Amanhã [hoje] é outro dia, temos muitas coisas para nos preocuparmos, como a chuva, que pode vir", disse o vice-líder do Mundial. "Além disso, essa é uma prova muito dura, em que é difícil se manter na pista, o muro é muito perto, e você precisa de concentração nas 78 voltas. Mas estou muito feliz de mostrar que posso andar bem numa pista que não é minha favorita e na qual sempre tive muitas dificuldades", completou Massa, vencedor da última etapa da F-1, em Istambul.