São Paulo, domingo, 25 de junho de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Blitz alemã destroça a seleção sueca

Time segue estratégia traçada por assistente, pressiona rivais, faz dois gols em 12 minutos e agora enfrenta a Argentina

Klinsmann afirma não se lembrar da última vez que a seleção comandada por ele jogou tão bem, mas evita celebrar o fim das críticas


GUILHERME ROSEGUINI
ENVIADO ESPECIAL A MUNIQUE

O estratagema nasceu com o assistente técnico Joachim Löw. Após assistir aos três jogos da Suécia na fase inicial, ele avisou Jürgen Klinsmann dos buracos do time na defesa.
Aconselhou o treinador a começar o jogo em alta velocidade e, assim, surpreender os rivais.
Klinsmann seguiu o roteiro à risca. Aos 12min, já festejava os 2 a 0 que colocaram a Alemanha nas quartas-de-final. "Sinceramente, não me lembro da última vez que jogamos um futebol assim. Tivemos um início fantástico", resumiu.
Poderia ter sido ainda mais impactante, não fosse a atuação do goleiro Isaksson. Exigido em toda a partida -os anfitriões finalizaram 29 vezes-, ele foi o responsável por sua seleção não ter levado uma goleada.
"O que eu poderia fazer depois daquele começo incrível?", questionou, resignado, Lars Lagerbäck, técnico sueco. Ele se referiu aos dois gols tramados pela dupla de atacantes poloneses naturalizados Miroslav Klose e Lukas Podolski.
Logo aos 5min, Klose recebeu na área, livrou-se de dois marcadores, mas perdeu dividida para o goleiro Isaksson. Seu companheiro de ataque ficou com a sobra e chutou para abrir o marcador da partida.
Sete minutos depois, nova jogada de Klose, artilheiro da Copa com quatro tentos. Ele recebeu pela meia esquerda e avançou, atraindo a marcação. Da entrada da área, achou Podolski livre. Um arremate certeiro consagrou a blitz alemã.
"Comemorei muito porque marcar dois gols tão rapidamente passa uma sensação ótima, de alívio. Sabíamos que tudo seria complicado e que tínhamos um tabu histórico para defender", relatou Lehmann.
O goleiro não exagera. Desde que o atual regulamento foi adotado, em 1986, a Alemanha nunca caiu nas oitavas-de-final. Além disso, a Suécia era um rival historicamente aguerrido, que eliminara a "Mannschaft" nas semifinais da Copa-58.
Lehmann teve mais motivos para festejar. Ao interromper arrancada de Klose, eleito o melhor em campo pela Fifa, Lucic fez falta. Carlos Eugênio Simon, brasileiro que apitou o jogo, expulsou o zagueiro, que já tinha cartão amarelo.
O curioso é que, a partir daí, a Suécia renasceu na partida. Lagerbäck substituiu o meia Källström pelo zagueiro Hansson. O time segurou os alemães e conseguiu equilibrar o jogo.
A chance de recuperação veio logo no início da etapa final, quando Simon deu pênalti de Metzelder em Larsson. O próprio atacante pediu a bola para bater. Demonstrava confiança e procurava incendiar os colegas com a oportunidade de voltarem a incomodar. Na cobrança, acertou a arquibancada.
"É estranho como o cartão vermelho quebrou o nosso ritmo. O pênalti também poderia ter mudado as coisas, mas estávamos empolgados. Merecemos a vaga", disse Klinsmann.
Mais uma vez o treinador, criticado durante toda a preparação da Alemanha, deixou o campo ovacionado. Além dos torcedores, ganhou elogios até da imprensa que, antes, o questionava. "Batemos os velhos suecos. Que começo sensacional!", relatava o diário "Bild" em sua versão on-line.
Questionado se já sentia alívio por ter calado opositores e colocado seu time entre os oito melhores da Copa, Klinsmann tergiversou. "Sempre acreditei na minha filosofia, mas não tenho tempo para pensar em coisas assim. Daqui a pouco tem o jogo das quartas-de-final."
Mais precisamente daqui a cinco dias. Na capital Berlim, a Alemanha encara a Argentina por uma vaga nas semifinais.


Texto Anterior: Juca Kfouri: Alemanha, sensationell
Próximo Texto: [+] Festa: Heróis alemães são celebrados
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.