São Paulo, segunda-feira, 25 de junho de 2007

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Argentina torna o título uma obsessão

RODRIGO RÖTZSCH
DE BUENOS AIRES

Os 14 anos sem títulos, o favoritismo atribuído por imprensa e adversários e a vontade de revanche após o título perdido no minuto final em 2004 tornaram a conquista da Copa América uma obsessão na Argentina.
Desde 1993, quando ganhou sua 14ª Copa América, a seleção argentina não vence o torneio -e nenhum outro. O jejum de 14 anos é o segundo maior do futebol do país, só superado pelos 19 anos que separaram a conquista da Copa América de 1959 e do Mundial de 1978.
Nesses 14 anos, a Argentina viu desfilar pela seleção gerações de sucesso nas categorias de base -ganharam quatro Mundiais sub-20 e a Olimpíada de 2004-, mas que não repetiram o sucesso na seleção principal.
Dois desses jogadores voltam agora como "salvadores". Juan Sebastian Veron, 32, conduziu o Estudiantes de la Plata ao triunfo no Campeonato Apertura (primeiro turno do Argentino, mas que tem status de título nacional) do ano passado, quebrando jejum de 23 anos.
O sucesso de Juan Roman Riquelme, 29, é mais recente: foi o maestro da conquista da Libertadores pelo Boca Juniors na semana passada.
Veron saiu da seleção com problemas de relacionamento com os colegas. Riquelme pediu para não ser mais convocado após o fiasco na Copa.
Os dois voltam pelas mãos de Alfio Basile, que era o técnico na última conquista argentina. Basile dirige uma seleção envelhecida (média de 27,3 anos, contra 25,6 do Brasil, por exemplo), com 16 remanescentes do Mundial-06, quando o país foi batido pela Alemanha nas quartas.
O hoje técnico Oscar Ruggeri, capitão do time na última conquista da Copa América, resume: "Ou eles ganham ou vão querer matá-los". Na TV e na imprensa, o torneio é tratado como se fosse Copa do Mundo, e não da América: um anúncio da competição usa a narração do gol de Diego Maradona contra a Inglaterra na Copa de 1986 (em que foi driblando desde o meio-campo), que acaba de completar 21 anos.
O favoritismo argentino é respaldado pelo fato de a seleção chegar completa, e o Brasil, desfalcado. Cenário não tão diferente do de 2004, quando o país perdeu a final.. "É uma espinha que tenho cravada no peito", disse Tevez ao diário "La Nación", sobre a derrota para o Brasil.


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