São Paulo, quinta-feira, 25 de junho de 2009

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FIA e equipes fecham acordo para 2010

Mosley promete deixar cargo que ocupa desde 93, e times abandonam ideia de categoria paralela à F-1 no ano que vem

Chefe comercial da F-1, Ecclestone é responsável por intermediar negociação entre lados conflitantes durante encontro em Paris

FÁBIO SEIXAS
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE

Uma reunião de quase três horas, entre os três homens mais importantes da F-1, selou ontem o acordo que pôs fim à ameaça de uma categoria dissidente a partir do ano que vem.
O encontro aconteceu em uma sala na sede da FIA, na place de la Concorde, em Paris.
De um lado da porta, discutindo assuntos menos importantes, 23 membros do Conselho Mundial, ávidos por novidades. Do outro, Max Mosley, presidente da entidade, Bernie Ecclestone, chefe comercial da F-1, e Luca di Montezemolo, que comanda a Ferrari e a Fota, a associação das equipes. Com uma pauta: o futuro do esporte.
Que foi resolvido das 9h30 às 12h15 locais, quando eles deixaram a sala e se dirigiram aos colegas. Às 13h, com o Mundial de 2010 assegurado, foi decretado o fim dos trabalhos, e os dois lados, que travavam guerra havia semanas, foram almoçar.
Com Ecclestone como mediador, tanto Fota como FIA cederam. Montezemolo abriu mão da categoria paralela anunciada na semana passada. Mosley concordou em manter no próximo ano o regulamento de 2009, desistiu do teto de custos e se comprometeu a não tentar a reeleição em outubro.
O discurso do inglês foi descrito como "elegante" por um membro do conselho que falou com a Folha. O de Montezemolo, como "legalista". E a atuação de Ecclestone como apaziguador do conflito foi classificada de "malabarismo".
A notícia foi anunciada ao mundo em um comunicado de 34 linhas, das quais 13 sobressaem: a lista das equipes confirmadas, enfim, para 2010.
São as oito integrantes da Fota -com Ferrari e McLaren no topo-, Williams e Force India, que já haviam debandado e fechado com a FIA, e as três estreantes selecionadas no dia 12: Manor, US F1 e Campos Meta.
Foram 56 dias de turbulência nos bastidores da categoria. O estopim, a decisão de Mosley de criar um teto de custos para 2010. Os times que aderissem teriam à disposição uma série de facilidades técnicas, como motores sem limite de giros, amplas possibilidades de ajustes aerodinâmicos, mais testes e utilização do túnel de vento.
A Fota, criada em setembro do ano passado, logo se rebelou. Alegando que o teto criaria duas categorias dentro de uma, exigiu o fim da regra. Mosley concordou e, no dia 12, publicou uma lista de pré-inscritas para 2010, com as 13 equipes.
Mesmo com o recuo do inglês, a Fota continuou acenando com a categoria paralela, o que deixou evidente que sua ação era política também, não apenas econômica. Há uma semana, então, a ameaça foi formalizada em um comunicado.
"FIA e FOM estão numa campanha para dividir as equipes e não há outra alternativa a não ser retirar as inscrições para o Mundial de 2010 e iniciar as preparações para um novo campeonato", escreveu a Fota.
Só ontem, com a promessa de Mosley de deixar o cargo que ocupa desde 1993, a associação mudou o discurso. Mais: concordou em fornecer ajuda técnica para as três estreantes.
Com o acerto, esse tipo de ameaça -que não é inédita no histórico entre FIA e equipes- deve ficar congelado até 2012, quando se encerrará a nova versão do Pacto de Concórdia, contrato que rege as relações comerciais na categoria.
Ou não. Porque, apesar das promessas, Mosley pode tentar se lançar candidato a um quinto mandato. Não seria a primeira vez, também, que a F-1 veria um acordo ser quebrado.


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