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FIA e equipes fecham acordo para 2010
Mosley promete deixar cargo que ocupa desde 93, e times abandonam ideia de categoria paralela à F-1 no ano que vem
Chefe comercial da F-1, Ecclestone é responsável por intermediar negociação entre lados conflitantes
durante encontro em Paris
FÁBIO SEIXAS
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE
Uma reunião de quase três
horas, entre os três homens
mais importantes da F-1, selou
ontem o acordo que pôs fim à
ameaça de uma categoria dissidente a partir do ano que vem.
O encontro aconteceu em
uma sala na sede da FIA, na place de la Concorde, em Paris.
De um lado da porta, discutindo assuntos menos importantes, 23 membros do Conselho Mundial, ávidos por novidades. Do outro, Max Mosley,
presidente da entidade, Bernie
Ecclestone, chefe comercial da
F-1, e Luca di Montezemolo,
que comanda a Ferrari e a Fota,
a associação das equipes. Com
uma pauta: o futuro do esporte.
Que foi resolvido das 9h30 às
12h15 locais, quando eles deixaram a sala e se dirigiram aos colegas. Às 13h, com o Mundial de
2010 assegurado, foi decretado
o fim dos trabalhos, e os dois lados, que travavam guerra havia
semanas, foram almoçar.
Com Ecclestone como mediador, tanto Fota como FIA
cederam. Montezemolo abriu
mão da categoria paralela
anunciada na semana passada.
Mosley concordou em manter
no próximo ano o regulamento
de 2009, desistiu do teto de
custos e se comprometeu a não
tentar a reeleição em outubro.
O discurso do inglês foi descrito como "elegante" por um
membro do conselho que falou
com a Folha. O de Montezemolo, como "legalista". E a
atuação de Ecclestone como
apaziguador do conflito foi
classificada de "malabarismo".
A notícia foi anunciada ao
mundo em um comunicado de
34 linhas, das quais 13 sobressaem: a lista das equipes confirmadas, enfim, para 2010.
São as oito integrantes da
Fota -com Ferrari e McLaren
no topo-, Williams e Force India, que já haviam debandado e
fechado com a FIA, e as três estreantes selecionadas no dia 12:
Manor, US F1 e Campos Meta.
Foram 56 dias de turbulência nos bastidores da categoria.
O estopim, a decisão de Mosley
de criar um teto de custos para
2010. Os times que aderissem
teriam à disposição uma série
de facilidades técnicas, como
motores sem limite de giros,
amplas possibilidades de ajustes aerodinâmicos, mais testes
e utilização do túnel de vento.
A Fota, criada em setembro
do ano passado, logo se rebelou. Alegando que o teto criaria
duas categorias dentro de uma,
exigiu o fim da regra. Mosley
concordou e, no dia 12, publicou uma lista de pré-inscritas
para 2010, com as 13 equipes.
Mesmo com o recuo do inglês, a Fota continuou acenando com a categoria paralela, o
que deixou evidente que sua
ação era política também, não
apenas econômica. Há uma semana, então, a ameaça foi formalizada em um comunicado.
"FIA e FOM estão numa
campanha para dividir as equipes e não há outra alternativa a
não ser retirar as inscrições para o Mundial de 2010 e iniciar
as preparações para um novo
campeonato", escreveu a Fota.
Só ontem, com a promessa
de Mosley de deixar o cargo
que ocupa desde 1993, a associação mudou o discurso. Mais:
concordou em fornecer ajuda
técnica para as três estreantes.
Com o acerto, esse tipo de
ameaça -que não é inédita no
histórico entre FIA e equipes-
deve ficar congelado até 2012,
quando se encerrará a nova
versão do Pacto de Concórdia,
contrato que rege as relações
comerciais na categoria.
Ou não. Porque, apesar das
promessas, Mosley pode tentar
se lançar candidato a um quinto mandato. Não seria a primeira vez, também, que a F-1
veria um acordo ser quebrado.
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