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FUTEBOL
Em entrevista no Paraguai, treinador fala como se fosse seguir no cargo
Scolari "reassume" seleção em evento de patrocinador
DO ENVIADO A ASSUNÇÃO
Não foi num jogo nem num
treino, mas em um evento promocional da Nike, patrocinadora
da seleção, que Luiz Felipe Scolari,
53, "reassumiu" a função de técnico do time brasileiro após a conquista do Mundial da Coréia e do
Japão, em 30 de junho passado.
Ontem, em Assunção, ele disse
ter voltado ao trabalho na seleção
e falou como se já estivesse certa a
sua permanência no cargo, um
mistério que o próprio Scolari
cultiva desde que acabou a Copa.
"Vim ao Paraguai primeiro como técnico da seleção, observar
jogadores [na decisão da Taça Libertadores, entre Olimpia e São
Caetano", e depois como convidado da Nike, nossa patrocinadora", afirmou, em uma entrevista
coletiva concedida durante o lançamento de uma bola da multinacional que será utilizada no torneio interclubes sul-americano.
Questionado sobre as negociações sobre o seu futuro com o
presidente da CBF, Ricardo Teixeira, Scolari reforçou a impressão de que seguirá no cargo. "Vamos conversar sobre o novo esquema de trabalho", afirmou.
As declarações não são, porém,
garantia de que ele vai continuar
na direção da equipe verde-amarela. Mestre na arte de confundir
(leia texto nesta página), ele prometeu o anúncio oficial para o dia
5 de agosto, quando declarou que
se reunirá com Ricardo Teixeira.
"A decisão não depende nem de
mim nem dele", declarou, enigmático, o técnico. Ele acrescentou
que não tratou do assunto nos últimos dias nem o fará nos próximos para não atrapalhar as férias
do presidente da CBF.
Scolari disse ainda não ter recebido nenhum convite de clubes e
seleções do exterior. Na Copa, ele
admitiu que seu desejo era treinar
uma equipe estrangeira.
Para poder ir ao evento da Nike,
Scolari interrompeu as suas férias
no Chile. Ao desembarcar na capital paraguaia, na tarde de ontem, ele demonstrou irritação
com o atraso de quatro horas no
vôo que tomou em São Paulo.
Na chegada a Assunção, encontrou-se com o presidente da Confederação Sul-Americana, Nicolás Leoz, e com o vice da CBF Nabi Abi Chedid, que representa a entidade na final da Libertadores.
Aborrecido, Scolari parecia estar ali apenas por uma obrigação
contratual, impressão confirmada pelos reiterados elogios que fez
à Nike. "Se, nos meus tempos de
jogador, eu contasse com uma
bola dessa [a que será utilizada
na Libertadores", teria sido campeão mundial", disse ele, que foi
um zagueiro limitado nos seus
tempos de atleta profissional.
A entrevista, na sede da Confederação Sul-Americana, foi concedida tendo como fundo um cartaz da multinacional. A Nike afirma, porém, que o técnico não tem
contrato pessoal com a empresa.
Scolari disse que o pentacampeonato mudou sua forma de lidar com o assunto. "Agora sou
mais cobrado. Aprendi a trabalhar com a minha imagem e cuidar de minha postura."
Ainda comentando o título, deu
mais indícios de que pode seguir
no cargo. "A gente ainda não deixou de viver o sonho do pentacampeonato. E vamos sonhar por
mais quatro anos, quando vamos
buscar o hexa [na Alemanha"."
Numa atitude diplomática com
os paraguaios, Scolari declarou
que não descartaria a possibilidade de treinar futuramente a seleção do país, que ele apontou como uma das surpresas do Mundial-2002 (caiu na segunda fase).
E voltou a dizer que "o pentacampeonato não é só do Brasil, é
de toda a América do Sul".
O treinador da seleção também
falou novamente de Pelé, a quem
criticou de forma bastante dura,
em entrevista recente, por não
acreditar que o Brasil poderia ganhar a Copa da Coréia/Japão.
"Tomei a frente dos jogadores,
decidi me expor. Espero que não
fique mágoa nenhuma em Pelé.
Fui criticado durante um ano e
não tenho mágoas", afirmou.
Colaborou a Reportagem Local
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