São Paulo, quinta-feira, 25 de julho de 2002

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FUTEBOL

Em entrevista no Paraguai, treinador fala como se fosse seguir no cargo

Scolari "reassume" seleção em evento de patrocinador

DO ENVIADO A ASSUNÇÃO

Não foi num jogo nem num treino, mas em um evento promocional da Nike, patrocinadora da seleção, que Luiz Felipe Scolari, 53, "reassumiu" a função de técnico do time brasileiro após a conquista do Mundial da Coréia e do Japão, em 30 de junho passado.
Ontem, em Assunção, ele disse ter voltado ao trabalho na seleção e falou como se já estivesse certa a sua permanência no cargo, um mistério que o próprio Scolari cultiva desde que acabou a Copa.
"Vim ao Paraguai primeiro como técnico da seleção, observar jogadores [na decisão da Taça Libertadores, entre Olimpia e São Caetano", e depois como convidado da Nike, nossa patrocinadora", afirmou, em uma entrevista coletiva concedida durante o lançamento de uma bola da multinacional que será utilizada no torneio interclubes sul-americano.
Questionado sobre as negociações sobre o seu futuro com o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, Scolari reforçou a impressão de que seguirá no cargo. "Vamos conversar sobre o novo esquema de trabalho", afirmou.
As declarações não são, porém, garantia de que ele vai continuar na direção da equipe verde-amarela. Mestre na arte de confundir (leia texto nesta página), ele prometeu o anúncio oficial para o dia 5 de agosto, quando declarou que se reunirá com Ricardo Teixeira.
"A decisão não depende nem de mim nem dele", declarou, enigmático, o técnico. Ele acrescentou que não tratou do assunto nos últimos dias nem o fará nos próximos para não atrapalhar as férias do presidente da CBF.
Scolari disse ainda não ter recebido nenhum convite de clubes e seleções do exterior. Na Copa, ele admitiu que seu desejo era treinar uma equipe estrangeira.
Para poder ir ao evento da Nike, Scolari interrompeu as suas férias no Chile. Ao desembarcar na capital paraguaia, na tarde de ontem, ele demonstrou irritação com o atraso de quatro horas no vôo que tomou em São Paulo.
Na chegada a Assunção, encontrou-se com o presidente da Confederação Sul-Americana, Nicolás Leoz, e com o vice da CBF Nabi Abi Chedid, que representa a entidade na final da Libertadores.
Aborrecido, Scolari parecia estar ali apenas por uma obrigação contratual, impressão confirmada pelos reiterados elogios que fez à Nike. "Se, nos meus tempos de jogador, eu contasse com uma bola dessa [a que será utilizada na Libertadores", teria sido campeão mundial", disse ele, que foi um zagueiro limitado nos seus tempos de atleta profissional.
A entrevista, na sede da Confederação Sul-Americana, foi concedida tendo como fundo um cartaz da multinacional. A Nike afirma, porém, que o técnico não tem contrato pessoal com a empresa.
Scolari disse que o pentacampeonato mudou sua forma de lidar com o assunto. "Agora sou mais cobrado. Aprendi a trabalhar com a minha imagem e cuidar de minha postura."
Ainda comentando o título, deu mais indícios de que pode seguir no cargo. "A gente ainda não deixou de viver o sonho do pentacampeonato. E vamos sonhar por mais quatro anos, quando vamos buscar o hexa [na Alemanha"."
Numa atitude diplomática com os paraguaios, Scolari declarou que não descartaria a possibilidade de treinar futuramente a seleção do país, que ele apontou como uma das surpresas do Mundial-2002 (caiu na segunda fase).
E voltou a dizer que "o pentacampeonato não é só do Brasil, é de toda a América do Sul".
O treinador da seleção também falou novamente de Pelé, a quem criticou de forma bastante dura, em entrevista recente, por não acreditar que o Brasil poderia ganhar a Copa da Coréia/Japão.
"Tomei a frente dos jogadores, decidi me expor. Espero que não fique mágoa nenhuma em Pelé. Fui criticado durante um ano e não tenho mágoas", afirmou.


Colaborou a Reportagem Local



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