São Paulo, terça-feira, 25 de julho de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Capitão

Resposta ao fiasco no Mundial, Dunga promete Brasil vibrante

Sem experiência na prancheta, líder da seleção campeã em 94 resgata estilo centralizador de Scolari


GUILHERME ROSEGUINI
DA REPORTAGEM LOCAL

RICARDO PERRONE
DO PAINEL FC

MARIO HUGO MONKEN
E DA SUCURSAL DO RIO

Carlos Caetano Bledorn Verri. Dunga. Ex-jogador de futebol. Famoso por suas qualidades como líder. Execrado na Copa de 1990, campeão mundial em 1994 e vice em 1998. Sem experiência como técnico.
O perfil do homem eleito ontem como sucessor de Carlos Alberto Parreira no comando da seleção brasileira não soa estranho por acaso. A idéia de Ricardo Teixeira, presidente da CBF, era justamente produzir um choque, mostrar aos torcedores que o fiasco da seleção brasileira no Mundial da Alemanha não passaria incólume.
Sem poder Luiz Felipe Scolari -ele renovou com a seleção portuguesa-, a entidade que comanda o futebol pentacampeão encontrou em outro gaúcho as características que julga serem opostas às do ex-treinador do time nacional.
"A escolha de Dunga vai atingir em cheio o anseio dos torcedores brasileiros que querem na seleção um treinador vibrante", declarou Teixeira.
Apelar para o lado emocional no lugar da racionalidade ou das teorias de Parreira não é a única reviravolta aguardada por ele. O presidente da CBF espera pulso firme do novato.
Acredita que o ex-jogador deve cobrar atletas dentro e fora de campo, como fazia na época em que era capitão da seleção.
Além disso, a escolha engrossa uma lista que cada vez ganha mais nomes: a dos ex-atletas de sucesso que assumem comando de seleções. Na última Copa, 16 dos 32 treinadores tinham no currículo passagem por times nacionais. Figuras como Jürgen Klinsmann, na Alemanha, e Van Basten, na Holanda, também nunca haviam atuado como técnicos profissionais.
Ao menos no discurso, Dunga, 42, parece encampar a filosofia concebida pelo patrão. "Quero trazer para a seleção a mesma vontade que tive como jogador. Vibração, motivação e vontade de vencer são imprescindíveis para vestir a camisa do Brasil", afirmou o técnico.
O novo treinador não anunciou os demais membros de sua comissão. Mas já deixou claro que adotará um estilo centralizador e que vai pautar suas convocações pelas performances em campo, e não pelo passado dos atletas. "Quem decide se o jogador vai atuar ou não é o técnico. É o rendimento que vai definir quem vai voltar ou quem vai ficar fora da seleção."
Sua estréia ocorre no amistoso diante da Noruega, no próximo dia 16, em Oslo. Em outubro, vai enfrentar o Kuait.
Ao contratar Dunga, Teixeira repete ato semelhante ao de 16 anos atrás. Na época, trouxe Paulo Roberto Falcão para substituir Sebastião Lazaroni, que fracassou na Copa de 90. A experiência com um ex-atleta, porém, acabou em fracasso.
Natural de Ijuí (380 km de Porto Alegre), Dunga iniciou a carreira no Internacional, em 1978. Passou por Corinthians, Santos e Vasco antes de jogar no exterior, onde fez sucesso na Itália, atuando pela Fiorentina, e na Alemanha, com o Stuttgart. Encerrou seus passos nos gramados em 1999.
Desde então, concilia atividades relacionadas ao esporte -é consultor do clube japonês Jubilo Iwata, integra uma comissão de atletas do Ministério do Esporte e disputa esporadicamente torneios de exibição pelo país- com palestras que ministra a empresários para ensinar suas técnicas de motivação.


Texto Anterior: Painel FC
Próximo Texto: Frases
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.