São Paulo, sexta-feira, 25 de julho de 2008

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COI afasta Iraque da Olimpíada

Atletas iraquianos são excluídos dos Jogos por disputa entre sunitas e xiitas pelo comitê olímpico

Ao justificar corte, comitê diz que dirigentes do país não explicaram problemas no prazo final, o que tirará sete esportistas de Pequim


DA REPORTAGEM LOCAL

Anunciada ontem pelo Comitê Olímpico Internacional, a exclusão do Iraque dos Jogos de Pequim é resultado dos problemas vividos pelo país desde a invasão dos EUA em 2003.
A decisão foi motivada pela interferência política do governo iraquiano no comitê olímpico nacional. O COI, que não aceita influências externas em seus filiados, exigia explicações dos cartolas do país até anteontem. Como não houve resposta, o país foi cortado dos Jogos.
"O COI gostaria de ver atletas iraquianos em Pequim, e está desapontado que eles sejam prejudicados pelas ações de seu governo", afirmou o comunicado da entidade olímpica, que tinha prazo para definir as posições dos atletas na Vila.
Em 2008, o Ministério da Juventude e Esporte do Iraque interferiu no comitê olímpico local, destituindo seus dirigentes. Detalhe: o governo é composto por maioria de xiitas, enquanto os cartolas esportivos do país eram da etnia sunitas.
Na época de Saddam Hussein, a entidade olímpica era gerida pelo filho do ditador, Odai. E, como o restante do país, era controlada pelos sunitas. Ou seja, a decisão atual é retaliação xiita à etnia dominante antes da guerra.
O governo iraquiano, porém, alega que interveio no órgão esportivo porque havia sólidas evidências de corrupção, falta de transparência eleitoral e contábil. Não respondeu ao COI porque, segundo declarações do governo ontem, nunca pensou em recuar da decisão.
O comitê olímpico iraquiano destituído já funcionava de forma precária: quatro dirigentes foram seqüestrados em 2006 e nunca mais reapareceram. Entre eles, estava o presidente do comitê, Ahmed Al-Hadjiya, ex-jogador de basquete.
Era mais um golpe no esporte em um país em que foram mortos mais de cem atletas desde a invasão americana.
Desta vez, sete atletas foram prejudicados, pois ficarão de fora da Olimpíada. Participariam de provas de tiro com arco, judô, remo, levantamento de peso e atletismo.
A delegação já era bem menor do que em Atenas-2004, primeiros Jogos disputados na era pós-Saddam. Na época, a equipe olímpica foi inchada pelo seleção masculina de futebol, que foi às semifinais. Na abertura dos Jogos, os atletas foram ovacionados pelo público ao entrar no Estádio Olímpico.
Para Pequim, o COI bancava boa parte das despesas da preparação de 50 atletas em programa de ajuda a países pobres.
É a segunda vez que o COI retira um país dos Jogos por interferência do governo, o que ocorrera com o Afeganistão, em 2000, durante o governo talibã.


Com agências internacionais


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