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COI afasta Iraque da Olimpíada
Atletas iraquianos são excluídos dos Jogos por disputa entre sunitas e xiitas pelo comitê olímpico
Ao justificar corte, comitê diz que dirigentes do país não explicaram problemas no prazo final, o que tirará sete esportistas de Pequim
DA REPORTAGEM LOCAL
Anunciada ontem pelo Comitê Olímpico Internacional, a
exclusão do Iraque dos Jogos
de Pequim é resultado dos problemas vividos pelo país desde
a invasão dos EUA em 2003.
A decisão foi motivada pela
interferência política do governo iraquiano no comitê olímpico nacional. O COI, que não
aceita influências externas em
seus filiados, exigia explicações
dos cartolas do país até anteontem. Como não houve resposta,
o país foi cortado dos Jogos.
"O COI gostaria de ver atletas
iraquianos em Pequim, e está
desapontado que eles sejam
prejudicados pelas ações de seu
governo", afirmou o comunicado da entidade olímpica, que tinha prazo para definir as posições dos atletas na Vila.
Em 2008, o Ministério da Juventude e Esporte do Iraque interferiu no comitê olímpico local, destituindo seus dirigentes.
Detalhe: o governo é composto
por maioria de xiitas, enquanto
os cartolas esportivos do país
eram da etnia sunitas.
Na época de Saddam Hussein, a entidade olímpica era
gerida pelo filho do ditador,
Odai. E, como o restante do
país, era controlada pelos sunitas. Ou seja, a decisão atual é retaliação xiita à etnia dominante
antes da guerra.
O governo iraquiano, porém,
alega que interveio no órgão esportivo porque havia sólidas
evidências de corrupção, falta
de transparência eleitoral e
contábil. Não respondeu ao
COI porque, segundo declarações do governo ontem, nunca
pensou em recuar da decisão.
O comitê olímpico iraquiano
destituído já funcionava de forma precária: quatro dirigentes
foram seqüestrados em 2006 e
nunca mais reapareceram. Entre eles, estava o presidente do
comitê, Ahmed Al-Hadjiya, ex-jogador de basquete.
Era mais um golpe no esporte em um país em que foram
mortos mais de cem atletas
desde a invasão americana.
Desta vez, sete atletas foram
prejudicados, pois ficarão de
fora da Olimpíada. Participariam de provas de tiro com arco, judô, remo, levantamento
de peso e atletismo.
A delegação já era bem menor do que em Atenas-2004,
primeiros Jogos disputados na
era pós-Saddam. Na época, a
equipe olímpica foi inchada pelo seleção masculina de futebol,
que foi às semifinais. Na abertura dos Jogos, os atletas foram
ovacionados pelo público ao
entrar no Estádio Olímpico.
Para Pequim, o COI bancava
boa parte das despesas da preparação de 50 atletas em programa de ajuda a países pobres.
É a segunda vez que o COI retira um país dos Jogos por interferência do governo, o que
ocorrera com o Afeganistão, em
2000, durante o governo talibã.
Com agências internacionais
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