São Paulo, domingo, 25 de julho de 2010

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PAULO VINICIUS COELHO

Prioridade é piada


Após flertar com Dunga, o São Paulo terá que manter Ricardo Gomes até o fim da Libertadores

RICARDO GOMES dirige o São Paulo hoje, contra o Santos, com a corda no pescoço. Sabe que Juvenal Juvêncio telefonou para Dunga duas vezes, nos últimos 20 dias. O primeiro telefonema aconteceu no dia do retorno da seleção, derrotada na África do Sul. Juvenal deixou sua solidariedade ao treinador, manifestou sua admiração por seu trabalho, desejou sorte no prosseguimento de sua carreira.
O segundo telefonema aconteceu nesta semana e, ainda que toda a diretoria são-paulina negue, representou o convite para Dunga suceder Ricardo Gomes. Dunga agradeceu, explicou que tem um problema familiar grave -a doença de seu pai-, contou ter recusado convite do Oriente Médio e que não pretende voltar a trabalhar neste ano.
Ainda que possa mudar de ideia, a negativa e o vazamento da informação deram à direção são- -paulina a obrigação de manter Ricardo Gomes até o fim da Taça Libertadores. Até que o técnico possa ser avaliado pelo trabalho que lhe foi apresentado como prioritário em sua chegada ao Morumbi.
"Deixamos de lado a campanha no Paulistão, mas valeu a pena", disse Ricardo Gomes, na quinta--feira, ao ser indagado sobre a razão para poupar jogadores no clássico de hoje, contra o Santos. Na primeira fase do Estadual, escalou reservas. Sabia que erros na Taça Libertadores não seriam perdoados. No Paulistão? Bem, o São Paulo dá de ombros para ele há mais de uma década.
Há um ano, Muricy Ramalho era criticado justamente por não levar o time às semifinais da Taça Libertadores em três edições seguidas. Ricardo Gomes conseguiu. Nos últimos cinco anos, o São Paulo lamentou não ter colocado em sua camisa a quarta estrela mundial. Para bordá-la, é preciso jogar a final da Taça Libertadores. Para disputá-la, é preciso estar na semifinal. O São Paulo está.
Na maior parte dos clubes do Brasil, a palavra prioridade é uma falácia. No São Paulo, não era.
Mesmo que Juvenal Juvêncio possa ser preservado da contradição, por sempre ter afirmado que o São Paulo não entra em nenhum torneio para perder -nem no Campeonato Paulista-, os torcedores e a diretoria do Tricolor priorizam a Taça Libertadores. Mas, se os resultados no Brasileirão vão mal, o bordão não perdoa na arquibancada: "Fora, francês!".
A boa educação do treinador não faz dele menos brasileiro. Ao contrário, o São Paulo é que parece estar mudado, ao cogitar a demissão antes do fim da Taça Libertadores.

pvc@uol.com.br


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