São Paulo, quarta-feira, 25 de agosto de 2004

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SALTOS ORNAMENTAIS

César Castro quebra tabu de 52 anos e recoloca Brasil numa final olímpica

DO ENVIADO A ATENAS

No princípio havia o receio de encarar as plataformas mais altas. Depois, uma lesão no pulso restringiu seus limites no esporte.
César Castro viveu situações nada agradáveis na modalidade que pratica. Mesmo assim, recolocou ontem seu país no mapa mundial dos saltos ornamentais.
Ele disputou a final do trampolim de 3 m em Atenas e acabou na nona posição -a prova foi vencida pelo chinês Peng Bo. O Brasil não incluía um atleta entre os dez melhores desde Helsinque-1952.
Ainda não é a melhor performance da história -Milton Busin ficou em sexto na Finlândia-, mas foi o suficiente para quebrar o jejum. "Estou muito feliz. Abri uma porta para que outros saltadores possam ganhar destaque."
Sua trajetória é curiosa. Ao contrário de alguns atletas da modalidade, que disputam também a plataforma de 10 m, ele só concorre no trampolim de 3 m.
A razão: uma lesão no pulso esquerdo o impede de realizar saltos de impacto. Castro, 21, sentia dores na região quando procurou um médico. O diagnóstico revelou a existência de um cisto. "Se ele optasse pela cirurgia, poderia perder alguns movimentos da mão, o que comprometeria seus saltos. Então, resolvemos diminuir o abalo na região", explica seu técnico, Ricardo Moreira.
A solução foi se afastar da plataforma de 10 m -o competidor chega a atingir 55 km/h antes do impacto com a água. "O choque é tão grande que a vida útil do atleta até diminui. Você nem pode treinar todos os dias", conta Juliana Veloso, especialista nos 10 m.
O entrave limitou a área de ação de Castro, mas não deixou o atleta frustrado. Desde que começou a se aventurar na modalidade, em 1991, sempre preferiu subir poucos degraus antes de saltar.
Seu primeiro técnico em Brasília, Giovani Casilo, lembra-se bem do esforço que precisava fazer para o garoto encarar as plataformas de 7,5 m e 10 m. "Ele tinha receio, um pouco de medo. Nunca foi sua especialidade. Mas antes de reclamar, eu o mandava subir e pular."
A rotina dos saltadores brasileiros na Grécia ainda não acabou. Hoje, Veloso disputa o trampolim de 3 m. Na sexta, é a vez de Cassius Duran competir na plataforma de 10 m. (GUILHERME ROSEGUINI)

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