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POLÍTICA
Autoridades cassam a quarta medalha nos Jogos e reconhecem que nunca resultados, esportistas e até juízes foram tão contestados
Tapetão não dorme em Atenas
DO ENVIADO A ATENAS
Pela quinta vez em Atenas, o
destino de uma medalha foi decidido no tapetão. Ontem, o húngaro Robert Fazekas, que se recusou
a fazer exame antidoping, perdeu
o ouro no arremesso de disco.
O atleta verá seu nome ficar ao
lado do de Leonidas Sampanis
(ex-bronze), levantador de peso, e
ao da russa Irina Korzhanenko
(ex-ouro no arremesso de peso),
que tiveram suas medalhas retiradas também sob acusação de uso
de substâncias ilegais. Fará companhia também ao conjunto alemão de equitação, que chegou a
comemorar os ouros por equipe e
individual na semana passada,
mas perdeu as conquistas nos
bastidores, ao ser desclassificado
por descumprir uma norma técnica. Já o norte-americano Aaron
Peirsol, que havia sido desqualificado por uma suposta virada ilegal, reconquistou nos bastidores o
ouro nos 200 m costas.
O Comitê Olímpico Internacional e o CAS (sigla em inglês para
Corte de Arbitragem no Esporte)
reconhecem: os Jogos vivem uma
rotina incessante de apelações, recursos e julgamentos envolvendo
resultados e esportistas.
Os casos não são corriqueiros. O
húngaro Fazekas conquistou o
ouro arremessando o disco a
70,93 m, um novo recorde olímpico. Depois, porém, alegou não
conseguir recolher, no tempo determinado, a urina do exame antidopagem. Aos olhos do COI, isso
significa que ele se recusou a passar pela checagem obrigatória.
A medalha de ouro foi passada
ao lituano Virgilijus Alekna, campeão em Sydney-2000. Assim,
Atenas-2004 viu o primeiro bi
olímpico no atletismo ser consagrado por meio da caneta.
Os comitês de apelação e de julgamento estão trabalhando 24
horas por dia na Grécia. E não só
os atletas estão no olho do furacão: os juízes que cometem erros
também estão sendo suspensos.
Foi o que aconteceu com os três
árbitros que erraram na final da
ginástica artística masculina, dando a vitória para os EUA no lugar
da Coréia do Sul.
A CAS é um órgão independente, que montou seu quartel-general num hotel em Atenas. A equipe de 12 arbitradores é comandada pelo suíço Mathhieu Reeb. A
eles cabe receber os apelos, ouvir
os lados envolvidos e chegar a
uma conclusão em só um dia.
O órgão, que tem sede na Suíça,
envia representantes aos Jogos
desde Atlanta-96. Naquela edição,
foram seis casos de arbitragem.
Em Sydney, o total passou para
15. Agora, em Atenas, o número já
foi igualado. "Sem a CAS, algumas situações não seriam resolvidas facilmente. A má notícia é que
talvez estejamos encorajando os
atletas a multiplicar suas queixas,
o que pode prejudicar a competição", afirmou Reeb.
As decisões da corte são finais.
Paralelamente, o comitê executivo do COI também trabalha para
desqualificar atletas pegos em
exames de doping. A política da
entidade atualmente é a de "tolerância zero". O balanço do comitê
a respeito dos casos de Atenas indica que são 15 os atletas banidos.
Os principais comitês olímpicos
nacionais contam com advogados em meio à sua lista de técnicos. Reeb insinua que a onda de
protestos está ligada ao maior
profissionalismo do esporte. "Há
mais interesses financeiros em jogo."
(MARCELO DIEGO)
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