|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
JUDÔ
Atleta não cumpre regra da CBJ, que, a duas semanas do início do torneio, pode não ter tempo para indicar outro
Excesso de peso tira Honorato de seleção que vai ao Mundial
LUÍS FERRARI
DA REPORTAGEM LOCAL
Único integrante da seleção brasileira dono de medalhas nas duas
principais competições da modalidade, o peso médio (até 90 kg)
Carlos Honorato, 30, não cumpriu a meta de peso estipulada pela Confederação Brasileira de Judô e foi cortado do grupo que embarcará para o Mundial do Egito.
Em 2002, para manter a seleção
constantemente em forma e evitar desgaste dos atletas na tentativa de perder muito peso às vésperas das lutas, a entidade estipulou
que os atletas não podem exceder
5% do peso limite de suas categorias. No dia do embarque para
competições internacionais, o limite cai para 3%.
"Na pesagem oficial [anteontem], ele apresentava quase 96
kg", revelou ontem Ney Wilson,
coordenador técnico da seleção
brasileira, para quem o corte visa
"preservar o atleta".
Ele explicou que a CBJ pretende
mandar para o Egito o reserva de
Honorato, Alexsander Guedes.
O problema é que, como a entidade demorou para constatar que
o titular estava além do limite que
considera tolerável (94,5 kg), o
Brasil corre o risco de não ter representante na categoria, já que o
evento começa em duas semanas.
"A inscrição de Guedes depende de procedimentos burocráticos, como vacinação e a concessão do visto, além da inscrição no
Mundial", declarou Wilson. Para
exemplificar a dificuldade com a
papelada, ele disse que os passaportes da delegação estão há 15
dias no consulado do país africano e ainda não retornaram.
Wilson esclareceu que o peso de
Honorato não foi o único fator
que levou ao corte. "Não adianta
treinar com 96 kg e competir com
90 kg. Muda tudo, o centro de
gravidade, a forma de atacar e defender. Ele perde tecnicamente."
O técnico Luís Shinoahara concordou com a análise de Wilson.
Honorato disse achar justo seu
desligamento. De forma franca,
reconheceu estar acima do peso e
ter tendência a engordar. "Se me
deixarem, bato 100 kg, fácil."
Ele usou uma inflamação na
garganta acompanhada de gripe
para justificar o descuido com a
balança. "Há duas semanas, sem
o conhecimento da equipe da CBJ
ou de meu clube, passei em consulta médica para tratar uma gripe. Foi recomendado um antibiótico, mas, temendo o antidoping,
troquei por antiinflamatório aliado a superalimentação. Precisei
ficar sem treinar, e o peso subiu."
Prata nos Jogos de Sydney-00 e
bronze no Mundial-03, no Japão,
Honorato contou que já se sentia
sem condições físicas de lutar no
Egito desde sua apresentação à
seleção, na segunda. "Mas é difícil
um atleta levantar a mão e falar
que não quer ir a um Mundial."
O judoca, então, confessou que
arquitetara um plano para tentar
competir. "A idéia era tentar enganar no condicionamento físico
e procurar treinar bem, na esperança de que a comissão técnica
desse uma lambuja no peso."
"Mas estava mentindo. Para
eles e para mim mesmo. Talvez
até conseguisse competir, mas
iria expor minha saúde. [O corte]
foi a melhor decisão. É um período de aprendizado para mim."
Texto Anterior: Futebol: Cinco brasileiros disputam prêmio da Uefa em Mônaco Próximo Texto: Frase Índice
|