São Paulo, quinta-feira, 25 de agosto de 2011

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Futebol cai junto com economia

EUROPA
Em grave crise, Espanha e Itália sofrem para iniciar temporada


DE SÃO PAULO

Juntas, Espanha e Itália somam cinco títulos de Copas do Mundo, 14 de Mundiais de Clubes, 25 de Copas dos Campeões da Europa e incalculáveis problemas financeiros.
Afundados em dívidas, os dois países veem a crise econômica tomar conta do futebol e ameaçar duas das mais importantes ligas do mundo.
O Campeonato Espanhol, que começaria no último fim de semana, teve a primeira rodada adiada devido a uma greve de jogadores que temem levar calote dos clubes.
E, até ontem, a realização da segunda rodada continuava sob dúvida -a sexta reunião para tentar solucionar a questão terminaria depois do fechamento desta edição.
O início do Italiano, previsto para sábado, também corre risco de ser atrasado. Entre as razões da paralisação está uma lei criada pelo governo para aumentar a arrecadação nesses dias de crise.
Com dívidas públicas que juntas chegam a € 2,3 trilhões (R$ 5,3 trilhões) e o temor de que não conseguirão honrar seus compromissos, Espanha e Itália recorreram neste mês a auxílio de € 22 bilhões (cerca de R$ 51 bilhões) do BCE (Banco Central Europeu).
Mas esse dinheiro não aliviou a situação financeira do futebol dos países que venceram as duas últimas Copas.
Além da derrocada financeira do país, a Espanha sente o reflexo do modelo deficitário de distribuição de renda. Barcelona e Real Madrid recebem cerca de metade de todo o dinheiro pago pela TV para transmitir as duas primeiras divisões da liga.
E, enquanto a dupla crescia, as outras equipes se endividavam. A bolha estourou com a chegada da crise.
Com poucos recursos, os clubes têm atrasado salários e acumulam dívida de € 50 milhões (aproximadamente R$ 116 milhões) com os jogadores. A reivindicação dos grevistas é a adoção de medidas que lhes protejam disso.
A crise italiana é visível há mais tempo e não poupa nem os grandes. Na última edição do ranking dos times que mais faturam no mundo feito pela consultoria Deloitte, o primeiro do país, o Milan, aparece na sétima posição.
As equipes do calcio não conseguem diversificar as fontes de renda e são dependentes da verba da TV, que representa, em média, mais de 60% dos seus faturamentos -no Barcelona, só 36% da receita vem dos direitos.
Sem dinheiro, o futebol italiano tem perdido prestígio e força dentro de campo. Samuel Eto'o, astro da Inter de Milão, transferiu-se para um time russo, e o país perdeu a quarta vaga na Copa dos Campeões para a Alemanha.
Enquanto isso, os atletas tentam fazer com que os times sejam responsáveis por pagar uma nova taxa sobre trabalhadores com salários superiores a € 90 mil (R$ 208 mil) por ano. E cobram mais liberdade nas transferências.
Um novo encontro entre o sindicato dos jogadores e os clubes está marcado para a manhã de hoje. (RAFAEL REIS)



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