São Paulo, segunda-feira, 25 de setembro de 2006

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Brasil falhou na organização do Mundial de basquete, diz Fiba

Secretário-geral da entidade fala que, desse jeito, país não terá a Olimpíada

ADALBERTO LEISTER FILHO
MARIANA BASTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

No Mundial feminino de basquete marcado pelo fim da hegemonia norte-americana e pelo inédito título da Austrália, a organização deixou a desejar.
Goteiras na quadra, baixa divulgação e públicos irrisórios na primeira fase foram alguns dos motivos que levaram a Fiba (Federação Internacional de Basquete) a se decepcionar com a estrutura brasileira.
Prestes a acolher o Pan de 2007 e candidato a sede da Olimpíada e da Copa do Mundo de futebol, o Brasil falhou em um torneio que poderia servir de teste para novos eventos.
Pelo menos é essa a opinião de Patrick Baumann, secretário-geral da Fiba. "O Brasil quer organizar outros campeonatos de maior porte, como a Olimpíada. Mas, desse jeito, não vai conseguir", vaticinou ele, em entrevista à Folha.
Apesar das pesadas críticas que desferiu à organização do Mundial paulista, Baumann também fez um mea-culpa. "Talvez eu tivesse que ter sido mais duro com a organização antes do início do Mundial."
O suíço disse que a competição das mulheres gera bem menos renda do que a dos homens. "O Mundial masculino é, claramente, mais lucrativo. No feminino, já ficamos muito contentes quando conseguimos equilibrar as contas."
O secretário-geral estimou que o investimento feito no evento no Brasil correspondeu a 1/20 do torneio masculino, realizado no Japão, cujo orçamento alcançou os US$ 30 milhões (R$ 66,2 milhões).
Para Baumann, a hegemonia de Brasil, Austrália, EUA e Rússia gera menor interesse do público. "O masculino é muito forte, como pudemos ver no Japão. Os primeiros colocados nem sempre são os mesmos. O feminino não é assim."
Falta investimento no feminino, diz ele. "Nem todos os países têm a sorte dos EUA, que para cada dólar aplicado no masculino tem que pôr também um no feminino. Nem todos os países têm a sorte de ter talentos como Brasil e Rússia."
A situação, prossegue, só irá melhorar quando houver outras equipes fortes, com chances de medalha em Mundiais e Olimpíadas. Isso atrairia apoio dos governos, e os patrocinadores se sentiriam estimulados a investir em países com menos tradição. "Muitas vezes o dinheiro só vem com bons resultados. E, se sempre as mesmas seleções chegam às finais, os outros países tendem a dar menos recursos ao feminino."


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