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Brasil falhou na organização do Mundial de basquete, diz Fiba
Secretário-geral da entidade fala que, desse jeito, país não terá a Olimpíada
ADALBERTO LEISTER FILHO
MARIANA BASTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
No Mundial feminino de basquete marcado pelo fim da hegemonia norte-americana e pelo inédito título da Austrália, a
organização deixou a desejar.
Goteiras na quadra, baixa divulgação e públicos irrisórios
na primeira fase foram alguns
dos motivos que levaram a Fiba
(Federação Internacional de
Basquete) a se decepcionar
com a estrutura brasileira.
Prestes a acolher o Pan de
2007 e candidato a sede da
Olimpíada e da Copa do Mundo
de futebol, o Brasil falhou em
um torneio que poderia servir
de teste para novos eventos.
Pelo menos é essa a opinião
de Patrick Baumann, secretário-geral da Fiba. "O Brasil quer
organizar outros campeonatos
de maior porte, como a Olimpíada. Mas, desse jeito, não vai
conseguir", vaticinou ele, em
entrevista à Folha.
Apesar das pesadas críticas
que desferiu à organização do
Mundial paulista, Baumann
também fez um mea-culpa.
"Talvez eu tivesse que ter sido
mais duro com a organização
antes do início do Mundial."
O suíço disse que a competição das mulheres gera bem menos renda do que a dos homens. "O Mundial masculino é,
claramente, mais lucrativo. No
feminino, já ficamos muito
contentes quando conseguimos equilibrar as contas."
O secretário-geral estimou
que o investimento feito no
evento no Brasil correspondeu
a 1/20 do torneio masculino,
realizado no Japão, cujo orçamento alcançou os US$ 30 milhões (R$ 66,2 milhões).
Para Baumann, a hegemonia
de Brasil, Austrália, EUA e Rússia gera menor interesse do público. "O masculino é muito
forte, como pudemos ver no
Japão. Os primeiros colocados
nem sempre são os mesmos. O
feminino não é assim."
Falta investimento no feminino, diz ele. "Nem todos os
países têm a sorte dos EUA,
que para cada dólar aplicado no
masculino tem que pôr também um no feminino. Nem todos os países têm a sorte de ter
talentos como Brasil e Rússia."
A situação, prossegue, só irá
melhorar quando houver outras equipes fortes, com chances de medalha em Mundiais e
Olimpíadas. Isso atrairia apoio
dos governos, e os patrocinadores se sentiriam estimulados a
investir em países com menos
tradição. "Muitas vezes o dinheiro só vem com bons resultados. E, se sempre as mesmas
seleções chegam às finais, os
outros países tendem a dar menos recursos ao feminino."
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