São Paulo, quarta-feira, 25 de outubro de 2006

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RÉGIS ANDAKU

Interação com o público


Vaias e comportamento agressivo da arquibancada levam como resposta dos tenistas gesto de "cala a boca"


O TCHECO Tomas Berdych é um tenista "cabeça fresca" para quem pouco importa o que acontece fora de seu mundo.
Empunhou uma raquete pela primeira vez aos 5 anos, em Valasske Mezirici, e aos 12 já morava em Prostejov, dividindo casa com um punhado de garotos, para ver se virava profissional. Prodígio, conseguiu e virou profissional dos bons.
Longe de ter muitos amigos no circuito, Berdych fica na dele. Sempre que pode, foge para ver na TV hóquei no gelo -tem mais orgulho de seus encontros com ex-jogadores de seu país do que com grandes nomes do tênis mundial. Quando a TV não exibe hóquei, Berdych brinca com seu computador, que o acompanha fielmente por todo o circuito.
Berdych fez barulho pela primeira vez ao eliminar Roger Federer na segunda rodada dos Jogos de Atenas, há dois anos. Virou o jogo e mandou o número um para casa, justo ele que havia dito que ganhar o ouro olímpico era prioridade em 2004.
De lá para cá, a especialidade de Berdych parece ser estragar a festa dos outros. Bateu em Lleyton Hewitt, Tim Henman, Ivan Ljubicic, Andy Murray, Juan Carlos Ferrero, Guillermo Coria, Tommy Haas, Nicolas Kiefer, Ricardo Mello, Sebastien Grosjean, Mario Ancic, David Nalbandian e Andy Roddick. Na sexta passada, Berdych topou com Rafael Nadal em Madri. Eliminado de outros dois Masters Series pelo tcheco, o espanhol teve ali, diante de 10 mil compatriotas, a chance ideal para a vingança.
Berdych, porém, suportou toda a gritaria e empolgação para seu rival e ganhou em dois sets, para surpresa não só dos espanhóis mas de todo o circuito -mais uma final Federer x Nadal havia sido cancelada.
Após o match point, Berdych abandonou a educação tradicional e, em vez de cumprimentar a torcida, ergueu o dedo indicador na vertical à frente da boca e assim se despediu do público madrilenho. Foi o que bastou para que mais vaias viessem em sua direção -inclusive no dia seguinte, quando perdeu do chileno Fernando Gonzalez na semifinal.
Nadal, ainda irritado com a eliminação, tomou as dores da torcida. "Ele foi infeliz. O circuito é assim. Na semana passada, perdi para [Joachim] Johansson em Estocolmo e a torcida também fez barulho. Aliás, joguei na República Tcheca na Copa Davis e, quando cometi dupla falta e a torcida me vaiou, eu não vi Berdych pedindo silêncio."
Berdych justificou assim: "Entendo que a torcida quer que ele ganhe, mas tem de entender que outros podem ganhar dele", afirmou o tcheco, lembrando que, nas partidas contra Nadal, acumula três vitórias em quatro confrontos.
Por essas e outras, a delícia dos principais tenistas hoje é jogar em lugares como Tóquio, Dubai, Doha, Viena e Pequim. Para torcidas educadas, tenistas educados e felizes. Para torcidas agressivas, tenistas mandando a torcida calar a boca.

NA COLÔMBIA
O argentino Diego Hartfield venceu a etapa de Bogotá da Copa Petrobras. Na final, bateu o austríaco Daniel Koellerer. Nesta semana, Montevidéu recebe a Copa.

NO SUL
Caio Zampieri ficou com o título do Future de Londrina ao bater Rafael Camilo na final. Nesta semana, o Grêmio Náutico União, em Porto Alegre, recebe outro Future.

EM SÃO PAULO
Rafael Garcia, Flavia Borges (18 anos), Lucas Lopasso, Giovanna Portiolli (16), Eduardo Dischinger, Vivian Pietraroia (14), Michel Haddad Jr. e Carla Forte (12) venceram o Masters da Credicard Mastercard Junior's Cup. E hoje é o último dia para inscrições na Copa Fino (no site www.cbt.com.br ou pelo telefone 0/xx/11/3868-0160).

reandaku@uol.com.br


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