Maiores campeões nacionais desta década, times disputam o clássico sob o efeito de seus recentes maus resultados

Equipe do Morumbi, que ainda sonha com o título do Brasileiro e vê Libertadores a perigo, assume sozinha sua condição de favorita hoje

CAROLINA ARAÚJO
MARTÍN FERNANDEZ
DA REPORTAGEM LOCAL

Pela posição que ocupam no Brasileiro e pelo discurso que adotaram durante a semana, o clássico de hoje, na Vila Belmiro, só vale para um dos times.
Juntos, São Paulo e Santos venceram quatro dos seis Brasileiros disputados na era dos pontos corridos, desde 2003.
Também são os dois times que mais pontuaram nesse sistema de disputa. Nos últimos sete Nacionais, o São Paulo somou 497 pontos. O Santos, segundo colocado nesse ranking, tem 447 até agora. Se o ritmo atual se mantiver, será ultrapassado por Inter (443) e Cruzeiro (441) ainda neste ano.
Mas, nesta temporada, os maiores campeões brasileiros desta década -o Santos triunfou também em 2002- experimentam, juntos, uma derrocada. Cada um à sua maneira.
O Santos, de certa forma, repete a má campanha de 2008, quando escapou do rebaixamento e terminou em 15º lugar.
O São Paulo, com 49 pontos, iniciou a rodada em quarto lugar na tabela. Depois de duas derrotas consecutivas, ainda fala em título, mas até mesmo uma vaga na Libertadores do ano que vem está em risco.
Com 41 pontos, o Santos experimenta hoje a sensação de franco-atirador no torneio: o risco de cair é quase zero e a chance de uma vaga na competição continental é quase nula.
Por tudo isso, o jogo hoje só vale para um time, que assume a condição de favorito e a obrigação de vencer o clássico.
"Se perdermos para o Santos, vai ficar ainda mais difícil para nós. A briga [pelo título] está muito equilibrada, com muitos candidatos. A gente já está no limite, não pode mais deixar de pontuar", diz o técnico do São Paulo, Ricardo Gomes.
Nas últimas três rodadas, o time só fez um ponto -empatou com o Coritiba e perdeu para Flamengo e Atlético-MG, dois concorrentes diretos.
"O único time que tem que buscar o gol e a vitória somos nós. Precisamos muito mais que o Santos. Nós ainda temos coisas maiores para buscar neste campeonato", diz o atacante Washington. O São Paulo tem o pior ataque entre os dez primeiros colocados do Nacional.
Do outro lado, Vanderlei Luxemburgo se livra da responsabilidade. "A pressão é toda deles. O São Paulo tem que vencer." Tanto que escalou uma formação mais ousada do que a usual, com três meias ofensivos: Paulo Henrique Ganso, Madson e Felipe Azevedo.
O time do Morumbi carrega o peso da desmotivação de boa parte do time, que será reformulado no fim do ano -Hugo, Borges, Washington e Rodrigo, entre outros, devem sair.
No Santos, a situação afeta o clube todo, já que há eleições em dezembro e Marcelo Teixeira não confirmou se tenta a reeleição. Jogadores como Eli Sabiá, Felipe Azevedo e Kléber Pereira, titulares de Luxemburgo, terão seus contratos encerrados no último dia do ano.
Segundo Luxemburgo, os atletas devem aproveitar a chance de mostrar que têm condições de continuar no Santos na temporada de 2010.