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BOXE
"Código de moda', que proíbe uso de barba, brincos e cabelos compridos, desclassifica atletas em competições
Aparência 'nocauteia' lutadores amadores
da Reportagem Local
A aparência em desacordo com o
"código da moda" da Aiba (Associação Internacional de Boxe
Amador) tem sido motivo para a
desclassificação de lutadores em
várias competições.
Na semana passada, longas barbas impediram que três pugilistas
do Afeganistão participassem de
torneio em Karachi (Paquistão).
Em São Paulo, na edição deste
ano dos Jogos Abertos do Interior,em setembro, em Araçatuba, o
meio-médio André Luís Bispo foi
desclassificado após o término de
um combate, quando o árbitro notou que o lutador usava brinco.
As regras da Aiba proíbem pugilistas com barba ou cabelos compridos de participar de lutas de boxe amador.
A entidade explica a proibição
alegando que isso garantiria mais
"segurança" aos lutadores.
O problema é que, segundo os
pugilistas afegãos, caso tivessem
respeitado a determinação da Aiba
para que tirassem a barba, eles correriam até mesmo risco de vida ao
retornar ao seu país.
Desde setembro de 96, quando a
milícia extremista muçulmana Taleban começou a assumir o controle do Afeganistão -hoje, domina
praticamente todo o país-, os homens foram proibidos de fazer a
barba. As mulheres são obrigadas
a usar véu, além de ficarem confinadas em casa.
Há denúncias de maus-tratos aos
que não obedecem às determinações impostas pela Taleban, além
de penas de morte e amputação.
O caso chegou ao conhecimento
dos dirigentes da Aiba, entidade
cuja sede localiza-se na Alemanha,
mas a decisão de excluir os representantes do Afeganistão do torneio de pugilismo amador em Karachi foi mantida.
Esse tipo de problema não afetaria os lutadores no profissionalismo no qual, para, entre outras coisas, maximizar o aspecto comercial do esporte, permite-se a barba.
Assim, em alguns casos, pugilistas adotam o visual com barba para parecer mais intimidadores e
atrair mais público ou "assustar"
os adversários. O ex-campeão
mundial dos pesos-médios Marvin
Hagler é um desses exemplos.
No caso do brasileiro Bispo, outro motivo para sua desclassificação foi o fato de o lutador ter utilizado, por baixo do protetor de cabeça, uma bandana que envolvia
seus "dreadlocks" (tranças).
O lutador cultiva os "dreadlocks" há vários anos e nem a
ameaça de demissão de seu emprego como gari em São Caetano do
Sul (Grande São Paulo) foi o suficiente para que cortasse as tranças.
Servílio de Oliveira, técnico de
Bispo -que no torneio representava São Caetano do Sul-, reclama de subjetividade na interpretação do "código de moda" da Aiba.
"Ele (Bispo) integra a seleção
brasileira de pugilismo e sempre
atuou com aquele cabelo no Brasil
e exterior e nunca havia tido problemas", afirma o treinador.
Na última quinta-feira, por
exemplo, Bispo participou das eliminatórias do torneio de boxe dos
Jogos Sul-Americanos, que acontecem em Cuenca, no Equador.
O brasileiro perdeu a luta para o
argentino Guillermo Saputo, por
pontos.
(EO)
Com agências internacionais
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