São Paulo, sábado, 25 de novembro de 2006

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Norte ameaça definhar e vive caos

Região pode ter apenas uma equipe nas duas principais divisões do Brasileiro na próxima temporada

PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Um naco gigante no mapa do Brasil. Uma fração nas duas principais divisões do futebol brasileiro. Pode ser assim o futebol do Norte em 2007.
Caso o paraense Paysandu e o amazonense São Raimundo não saiam da zona de rebaixamento à terceira divisão, onde estão hoje (ambos precisam vencer e ainda torcer por outros resultados), a região terá no próximo ano o maior fosso entre seu tamanho na população do país e nas 40 vagas das séries A e B do Nacional.
Dono de 7,5% dos habitantes do país, o Norte, alijado já da primeira divisão depois da queda do Paysandu em 2005, teria só 2,5% dos lugares nos dois principais torneios da nação.
E não é difícil explicar a decadência nortista. Com custos mais altos por causa dos longos deslocamentos, a região passa por um estado de penúria.
Único clube do Norte com vaga garantida na Série B em 2007, o Remo vê seus jogadores ameaçarem não entrar em campo hoje, contra o CRB, caso não recebam os dois meses de salários atrasados.
Se na segunda divisão a falta de dinheiro nortista assusta, na terceira gerou até greve de jogadores do Rio Negro, sem falar nas viagens mambembes da Tuna Luso, de ônibus, pelo país. Nenhum clube da região, aliás, chegou ao octogonal decisivo do campeonato da Série C.
Antes famosa por estádios cheios e festivos, a região Norte é agora palco de atos violentos.
Revoltados com a goleada sofrida diante do Paulista por 9 a 0, torcedores do Paysandu foram ao treino da equipe na última segunda-feira protestar atirando pedras e cocos no gramado. Depois do incidente, sete jogadores do clube pediram demissão, receosos de apanhar.
A polícia exigiu que a partida decisiva de hoje, contra o Marília, fosse transferida do acanhado estádio da Curuzu para o Mangueirão. Foi atendida.
Os clubes paraenses são recordistas de perda de mando de jogos. Nesta semana, o STJD puniu o Remo com três partidas por objetos jogados contra o trio de arbitragem em partida da segunda divisão.
Tantos problemas afastam os torcedores das arquibancadas.
O Remo tem média de 12 mil pagantes na segunda divisão. No ano passado, quando estava na Série C, teve 31 mil pagantes por jogo como mandante, um recorde nas três divisões.


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