São Paulo, domingo, 25 de novembro de 2007

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Neta de Dualib diz que Andrés ainda quer euros de Kia

Presidente nega desejo, mas confirma encontro com Carla, que ameaça acionar o Corinthians por supostas dívidas

Proprietária da SMA insinua participação de dirigente em direitos econômicos de jogadores e afirma estar quebrada financeiramente

RICARDO PERRONE
DO PAINEL FC

Assumir a presidência do Corinthians não tirou o clã Dualib do caminho de Andrés Sanches. Recentemente, ele orientou empresas que têm contrato de licenciamento com o clube a cortar repasses à SMA, firma de Carla Dualib. Em entrevista por e-mail, a neta do ex-presidente, Alberto, reagiu. Ameaçou acionar o clube.
E iniciou ataque ao sucessor de seu avô. Diz que, em recente café da manhã com Andrés, o cartola afirmou procurar um emissário para convencer Kia Joorabchian a voltar a investir no Parque São Jorge.
Sem provas, afirma ter ouvido comentários de que o dirigente tem participação nos direitos econômicos de atletas.

FOLHA - O que achou de o Corinthians impedir os repasses à SMA?
CARLA DUALIB
- Achei absolutamente antiética e desnecessária essa atitude, pois os contratos estão vigentes e são baseados em documentos legais. O clube novamente será percebido como mau investimento por conta das desavenças políticas.

FOLHA - Por que sua empresa ainda tinha direito a receber?
CARLA
- A SMA tinha contrato de exclusividade que, ao vencer, em fevereiro de 2006, foi substituído por um mandato, autorizando a mesma a realizar negócios para o Corinthians. Há pendências financeiras.

FOLHA - Quanto ainda recebia?
CARLA
- Não entendo ser ético falarmos de valores, mas não ultrapassa R$ 6.000 mensais.

FOLHA - Independentemente dos repasses cortados, o clube lhe deve dinheiro? Vai cobrar na Justiça?
CARLA
- Sim. Bastante. Referente a contratos de patrocínio. Se não houver acordo, é claro [que vai à Justiça].

FOLHA - Após Andrés Sanches ser eleito teve algum contato com ele?
CARLA
- Sim, falei com ele algumas vezes por telefone e nos encontramos para um café da manhã. O tratamento foi cordial. Falamos sobre política, dei a ele algumas sugestões em benefício do Corinthians e questionei um possível acordo com a SMA. Em nenhum momento, comentou que faria esse corte.

FOLHA - Conversaram sobre a MSI e Kia Joorabchian?
CARLA
- Sim. Na verdade, ele estava preocupado em buscar um terceiro que pudesse abordar o Kia no sentido de que ele seguisse investindo em atletas no clube, afinal, segundo Andrés, seria um problema político assumir que o Kia poderia continuar sendo bom parceiro.

FOLHA - Em algum momento seu avô não quis assinar com a MSI?
CARLA
- Sim. Durante grandes negociações isso ocorre.

FOLHA - Alguém pediu a sua ajuda para convencer seu avô a assinar?
CARLA
- Prefiro não expor publicamente a humilhação a que fui submetida pelo senhor Renato Duprat e pelo Kia, motivo este que fez com que eu me tornasse um problema, afinal não aceitei suas propostas paralelas e não me adequei ao modelo proposto. Tenho princípios.

FOLHA - Sabe de dirigentes que têm parte dos direitos de atletas?
CARLA
- Ouvimos falar muitas coisas, mas não tenho documentos que comprovem essas negociações. Dizem que o Andrés tem ou teve participação no Jô, no Coelho, e que o departamento amador era uma grande máfia. Sempre havia os mesmos empresários e os mesmos dirigentes atuando.

FOLHA - Como era o ambiente nas festas do clube na época da MSI?
CARLA
- Que festas? No clube? Sempre lindas, fartas e demonstrando que o melhor negócio havia sido feito. Fora do clube, um horror. Difíceis para se freqüentar, principalmente pelo público presente.

FOLHA - Acha que alguém na diretoria ainda quer reativar a parceria?
CARLA
- Acho que o Andrés.

FOLHA - A senhora recebeu a mulher de Boris Berezovski?
CARLA
- A senhora Helena veio ao Brasil para conhecer o clube. Houve jantares e passeios a lojas renomadas. Eu participei da comitiva que a recebeu no clube e dos jantares.

FOLHA - Os negócios com o Corinthians lhe deram uma confortável situação financeira?
CARLA
- Não. Meu contrato previa um investimento em pessoal e também responsabilidade trabalhista. Hoje tenho problemas financeiros graves, diferente do que a mídia coloca. Vendi meu apartamento e, por conta da inadimplência do clube, não consegui ainda finalizar o pagamento da minha casa. Moro de aluguel, tenho minhas contas todas no vermelho. Refinanciei meu carro, tive que fazer acordo na escola das crianças. Levei fama, só isso.

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