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Neta de Dualib diz que Andrés ainda quer euros de Kia
Presidente nega desejo, mas confirma encontro com Carla, que ameaça acionar o Corinthians por supostas dívidas
Proprietária da SMA insinua participação de dirigente em direitos econômicos de jogadores e afirma estar quebrada financeiramente
RICARDO PERRONE
DO PAINEL FC
Assumir a presidência do Corinthians não tirou o clã Dualib
do caminho de Andrés Sanches. Recentemente, ele orientou empresas que têm contrato
de licenciamento com o clube a
cortar repasses à SMA, firma de
Carla Dualib. Em entrevista
por e-mail, a neta do ex-presidente, Alberto, reagiu. Ameaçou acionar o clube.
E iniciou ataque ao sucessor
de seu avô. Diz que, em recente
café da manhã com Andrés, o
cartola afirmou procurar um
emissário para convencer Kia
Joorabchian a voltar a investir
no Parque São Jorge.
Sem provas, afirma ter ouvido comentários de que o dirigente tem participação nos direitos econômicos de atletas.
FOLHA - O que achou de o Corinthians impedir os repasses à SMA?
CARLA DUALIB - Achei absolutamente antiética e desnecessária essa atitude, pois os contratos estão vigentes e são baseados em documentos legais. O
clube novamente será percebido como mau investimento por
conta das desavenças políticas.
FOLHA - Por que sua empresa ainda tinha direito a receber?
CARLA - A SMA tinha contrato
de exclusividade que, ao vencer, em fevereiro de 2006, foi
substituído por um mandato,
autorizando a mesma a realizar
negócios para o Corinthians.
Há pendências financeiras.
FOLHA - Quanto ainda recebia?
CARLA - Não entendo ser ético
falarmos de valores, mas não
ultrapassa R$ 6.000 mensais.
FOLHA - Independentemente dos
repasses cortados, o clube lhe deve
dinheiro? Vai cobrar na Justiça?
CARLA - Sim. Bastante. Referente a contratos de patrocínio.
Se não houver acordo, é claro
[que vai à Justiça].
FOLHA - Após Andrés Sanches ser
eleito teve algum contato com ele?
CARLA - Sim, falei com ele algumas vezes por telefone e nos
encontramos para um café da
manhã. O tratamento foi cordial. Falamos sobre política, dei
a ele algumas sugestões em benefício do Corinthians e questionei um possível acordo com
a SMA. Em nenhum momento,
comentou que faria esse corte.
FOLHA - Conversaram sobre a MSI
e Kia Joorabchian?
CARLA - Sim. Na verdade, ele
estava preocupado em buscar
um terceiro que pudesse abordar o Kia no sentido de que ele
seguisse investindo em atletas
no clube, afinal, segundo Andrés, seria um problema político assumir que o Kia poderia
continuar sendo bom parceiro.
FOLHA - Em algum momento seu
avô não quis assinar com a MSI?
CARLA - Sim. Durante grandes
negociações isso ocorre.
FOLHA - Alguém pediu a sua ajuda
para convencer seu avô a assinar?
CARLA - Prefiro não expor publicamente a humilhação a que
fui submetida pelo senhor Renato Duprat e pelo Kia, motivo
este que fez com que eu me tornasse um problema, afinal não
aceitei suas propostas paralelas
e não me adequei ao modelo
proposto. Tenho princípios.
FOLHA - Sabe de dirigentes que
têm parte dos direitos de atletas?
CARLA - Ouvimos falar muitas
coisas, mas não tenho documentos que comprovem essas
negociações. Dizem que o Andrés tem ou teve participação
no Jô, no Coelho, e que o departamento amador era uma grande máfia. Sempre havia os mesmos empresários e os mesmos
dirigentes atuando.
FOLHA - Como era o ambiente nas
festas do clube na época da MSI?
CARLA - Que festas? No clube?
Sempre lindas, fartas e demonstrando que o melhor negócio havia sido feito. Fora do
clube, um horror. Difíceis para
se freqüentar, principalmente
pelo público presente.
FOLHA - Acha que alguém na diretoria ainda quer reativar a parceria?
CARLA - Acho que o Andrés.
FOLHA - A senhora recebeu a mulher de Boris Berezovski?
CARLA - A senhora Helena veio
ao Brasil para conhecer o clube. Houve jantares e passeios a
lojas renomadas. Eu participei
da comitiva que a recebeu no
clube e dos jantares.
FOLHA - Os negócios com o Corinthians lhe deram uma confortável
situação financeira?
CARLA - Não. Meu contrato
previa um investimento em
pessoal e também responsabilidade trabalhista. Hoje tenho
problemas financeiros graves,
diferente do que a mídia coloca. Vendi meu apartamento e,
por conta da inadimplência do
clube, não consegui ainda finalizar o pagamento da minha casa. Moro de aluguel, tenho minhas contas todas no vermelho. Refinanciei meu carro, tive
que fazer acordo na escola das
crianças. Levei fama, só isso.
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