São Paulo, domingo, 25 de novembro de 2007

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TOSTÃO

Assim não dá


A postura da seleção contra o Uruguai, o salvo-conduto dado ao Fla, as mudanças na tabela a pedido da TV... extrapolam

SEI QUE O JOGO contra o Uruguai ficou velho, que ninguém, nem eu, agüenta mais esse assunto e que, apesar da vitória, todos querem esquecer a péssima atuação do time brasileiro. Mas como não disse nada sobre o jogo nesse espaço, preciso dizer algumas poucas coisas, mesmo sabendo que não vai acrescentar nada ao que já foi dito.
Escrevi antes da partida contra o Uruguai que o maior problema tático da seleção brasileira era não fazer uma marcação por pressão, pelo menos em parte do jogo. Foi o que fez o Uruguai, que tem o mesmo tempo para treinar. Os uruguaios marcavam mais na frente, tomavam a bola com facilidade, chegavam com muitos jogadores ao ataque e criaram 15 chances de gol. Um massacre coletivo. Não me lembro de ter visto isso acontecer no Brasil com a seleção. Assim não dá.
Para essa formação com os três meias dar certo, será preciso criar uma estrutura tática bem diferente da habitual, como fazem alguns poucos times da Europa e como ocorreu com o Brasil na Copa das Confederações. Se Dunga não é capaz disso e se os três craques não assumirem nova postura, será melhor trocar um dos meias por outro atleta de meio-campo e voltar à mesmice.
Mas será um atestado de incompetência. Assim também não dá. Chega de seleção. Cansei. Recomeçou o Brasileirão. Obrigar um time a jogar sem público, por causa de um torcedor que jogou um objeto no campo, é uma das punições mais sem sentido e prejudiciais ao futebol. Há outras maneiras mais inteligentes de punir o clube. Mas, como essa é a atual lei e outros clubes foram punidos por isso, deveria acontecer o mesmo com o Flamengo. Assim não dá.
Por contrato, a TV Globo tem o direito de mudar datas e horários das partidas. Outra televisão faria o mesmo, pois elas visam audiência e lucro. Mas é lamentável que uma televisão, seja qual for, mande nos clubes, nas federações e, principalmente, na CBF, responsável pelas mudanças nas rodadas decisivas. Globo e CBF, tudo a ver. Assim não dá.

Gigante no chão
Adriano está no Brasil para se tratar no São Paulo. Ele nega que seja por causa de alcoolismo e que apenas farreou bastante nas noites de Milão.
Adriano surpreendeu duas vezes na sua carreira. A primeira, pelo esplendor técnico que atingiu. A segunda, pela intensa e brusca queda. Qual será o verdadeiro tamanho de seu futebol? Um ano antes da Copa de 2006, Adriano foi eleito o melhor jogador da Copa das Confederações. Depois disso, foi um fracasso. Antes da Copa, ele já estava perdido dentro e fora de campo.
Perto do Mundial, conversei por telefone com Parreira e disse a ele da minha preocupação com o jogador, que parecia ter colocado uma enorme máscara, ter um Deus na barriga.
Parreira minimizou o fato, disse que ele estava só triste em Milão e que tudo voltaria ao normal quando começassem os treinos.
A fama, muito dinheiro e outros fatores que não sei quais são deram uma rasteira em Adriano. O tombo foi grande. Tomara que consiga se levantar. Não será fácil. O gigante é muito pesado.

tostao.folha@uol.com.br

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