São Paulo, domingo, 25 de novembro de 2007

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Recorde dá a Thiago uma nova missão

Satiro Sodré/Divulgação
Thiago Pereira, 21, atual recordista mundial dos 200 m medley em piscina curta, recebe medalha da mãe, Rose, durante etapa da Copa do Mundo de natação, em Belo Horizonte, na manhã de ontem

Badalado após quebrar marca dos 200 m medley em piscina curta, atleta encara desafio de triunfar na distância olímpica

Brasil já teve exemplos de nadadores que estavam no topo e que, em Mundial de piscina longa ou Olimpíada, não conseguiram o ouro

MARIANA LAJOLO
ENVIADA ESPECIAL A BELO HORIZONTE

Alcançar um recorde mundial é motivo de comemoração: holofotes, símbolo de entrada na elite de uma modalidade.
Thiago Pereira, 21, ainda se acostuma a esses efeitos. O nadador, que no domingo passado cumpriu os 200 m medley em 1min53s14, na Alemanha, novo recorde da distância em piscina de 25 m, nunca foi tão assediado. Nunca sentiu tanta confiança em sua performance.
Para um seleto grupo de brasileiros, no entanto, a euforia do recorde logo deu lugar a uma abrupta volta à realidade. Atingir o feito nem sempre significa caminho fácil para alcançar os títulos mais cobiçados.
Para evitar essa reviravolta nos próximos nove meses, rumo a seu mais importante compromisso, Thiago e o técnico, Fernando Vanzella, traçaram estratégias. A primeira, e mais urgente, é acostumá-lo a seu novo status. São inesgotáveis entrevistas, compromissos, badalação e aborrecimentos.
Apesar de Thiago dizer ser tranqüilo lidar com o assédio, tem sido mais fácil manter a concentração fora do país, onde ele não é reconhecido nas ruas nem chama tanta atenção da mídia. "Antes, ele não era uma personalidade da natação. O assédio agora é totalmente diferente", diz Vanzella.
Outra preocupação é com as fases de transição do treinamento. Thiago vai mesclar competições de piscina longa (50 m, distância olímpica) e curta (25 m) até maio, quando o Troféu Maria Lenk bate martelo sobre as vagas em Pequim.
Durante esse período, também deve se dedicar a provas de um só estilo. Quer aprimorar todos os fundamentos. A especialidade do nadador são as provas de medley, que mesclam os quatro estilos. Na piscina curta, o brasileiro também tem melhorado as viradas, uma de suas deficiências.
Um mês antes da competição no Brasil, porém, Thiago irá encarar o Mundial de piscina curta. Mesmo se seu recorde tiver sido superado, ele ainda deverá ser um dos favoritos ao ouro.
"O recorde em curta é muito importante. Mas nosso objetivo é a piscina longa, é ganhar uma medalha na Olimpíada. Essa transição terá de ser feita com cuidado. E essa reta final é um período complicado. A competição [Jogos Olímpicos] é uma realidade, mas ela não chega. É complicado controlar", diz o treinador.
A história tem exemplos de recordistas brasileiros que tiveram seus sonhos frustrados.
Dono da melhor marca e campeão mundial em 1982 na piscina longa, Ricardo Prado era a grande esperança de ouro em Los Angeles-1984. Mas mais de um segundo o separou do canadense Alex Baumann e de atingir a ainda inédita medalha para o país. Prado foi prata.
No primeiro Mundial de piscina curta, na Espanha, em 1993, Fernando Scherer, Gustavo Borges, Teófilo Ferreira e José Carlos de Souza Júnior quebraram a marca do 4 x 100 m livre. No Mundial em longa, no ano seguinte, a equipe levou um bronze. A mesma cor da medalha só seria repetida na Olimpíada de Sydney-2000.
Outro exemplo divide com Thiago a piscina da etapa da Copa do Mundo em MG e as esperanças de pódio na China. Recordista dos 50 m borboleta em 2005, em piscina curta, Kaio Márcio tropeçou no Mundial seguinte em piscina longa.


NA TV - Copa do Mundo de natação
Globo e Sportv, ao vivo, às 9h30


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