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Recorde dá a Thiago uma nova missão
Satiro Sodré/Divulgação
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Thiago Pereira, 21, atual recordista mundial dos 200 m medley em piscina curta, recebe medalha da mãe, Rose, durante etapa da Copa do Mundo de natação, em Belo Horizonte, na manhã de ontem
Badalado após
quebrar marca
dos 200 m medley
em piscina curta,
atleta encara
desafio de triunfar
na distância
olímpica
Brasil já teve exemplos de
nadadores que estavam no
topo e que, em Mundial de
piscina longa ou Olimpíada,
não conseguiram o ouro
MARIANA LAJOLO
ENVIADA ESPECIAL A BELO HORIZONTE
Alcançar um recorde mundial é motivo de comemoração:
holofotes, símbolo de entrada
na elite de uma modalidade.
Thiago Pereira, 21, ainda se
acostuma a esses efeitos. O nadador, que no domingo passado
cumpriu os 200 m medley em
1min53s14, na Alemanha, novo
recorde da distância em piscina
de 25 m, nunca foi tão assediado. Nunca sentiu tanta confiança em sua performance.
Para um seleto grupo de brasileiros, no entanto, a euforia
do recorde logo deu lugar a uma
abrupta volta à realidade. Atingir o feito nem sempre significa
caminho fácil para alcançar os
títulos mais cobiçados.
Para evitar essa reviravolta
nos próximos nove meses, rumo a seu mais importante compromisso, Thiago e o técnico,
Fernando Vanzella, traçaram
estratégias. A primeira, e mais
urgente, é acostumá-lo a seu
novo status. São inesgotáveis
entrevistas, compromissos, badalação e aborrecimentos.
Apesar de Thiago dizer ser
tranqüilo lidar com o assédio,
tem sido mais fácil manter a
concentração fora do país, onde
ele não é reconhecido nas ruas
nem chama tanta atenção da
mídia. "Antes, ele não era uma
personalidade da natação. O assédio agora é totalmente diferente", diz Vanzella.
Outra preocupação é com as
fases de transição do treinamento. Thiago vai mesclar
competições de piscina longa
(50 m, distância olímpica) e
curta (25 m) até maio, quando o
Troféu Maria Lenk bate martelo sobre as vagas em Pequim.
Durante esse período, também deve se dedicar a provas de
um só estilo. Quer aprimorar
todos os fundamentos. A especialidade do nadador são as
provas de medley, que mesclam
os quatro estilos. Na piscina
curta, o brasileiro também tem
melhorado as viradas, uma de
suas deficiências.
Um mês antes da competição
no Brasil, porém, Thiago irá encarar o Mundial de piscina curta. Mesmo se seu recorde tiver
sido superado, ele ainda deverá
ser um dos favoritos ao ouro.
"O recorde em curta é muito
importante. Mas nosso objetivo é a piscina longa, é ganhar
uma medalha na Olimpíada.
Essa transição terá de ser feita
com cuidado. E essa reta final é
um período complicado. A
competição [Jogos Olímpicos]
é uma realidade, mas ela não
chega. É complicado controlar", diz o treinador.
A história tem exemplos de
recordistas brasileiros que tiveram seus sonhos frustrados.
Dono da melhor marca e
campeão mundial em 1982 na
piscina longa, Ricardo Prado
era a grande esperança de ouro
em Los Angeles-1984. Mas
mais de um segundo o separou
do canadense Alex Baumann e
de atingir a ainda inédita medalha para o país. Prado foi prata.
No primeiro Mundial de piscina curta, na Espanha, em
1993, Fernando Scherer, Gustavo Borges, Teófilo Ferreira e
José Carlos de Souza Júnior
quebraram a marca do 4 x 100
m livre. No Mundial em longa,
no ano seguinte, a equipe levou
um bronze. A mesma cor da
medalha só seria repetida na
Olimpíada de Sydney-2000.
Outro exemplo divide com
Thiago a piscina da etapa da
Copa do Mundo em MG e as esperanças de pódio na China.
Recordista dos 50 m borboleta
em 2005, em piscina curta,
Kaio Márcio tropeçou no Mundial seguinte em piscina longa.
NA TV - Copa do Mundo de natação
Globo e Sportv, ao vivo, às 9h30
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