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VÔLEI
Destaque da classificação olímpica em 2000, Joel vira sensação do principal torneio mundial após 2 anos na Séria A-2
Ex-herói brasileiro ofusca astros na Itália
MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL
Metade da badalada seleção do
técnico Bernardinho e os principais astros mundiais disputam o
Campeonato Italiano de vôlei.
Mas é um atacante brasileiro
que passou duas temporadas "escondido" na segunda divisão da
Itália quem está roubando a cena.
Joel Monteiro é dono do melhor
saque e tem a segunda maior pontuação da competição.
O sucesso no mais importante
campeonato do mundo coroa o
fim do período de ostracismo que
o oposto enfrentou depois dos Jogos de Sydney, em 2000.
Herói da classificação à Olimpíada, o atacante foi cortado pelo
então técnico Radamés Lattari e
não viajou à Austrália. No ano seguinte, migrou para a Itália.
"Foi uma fuga. Eu não tinha
mais clima. Eu perdi propostas do
exterior e ficava no Brasil, mesmo
sem compensar financeiramente,
achando que um dia teria chance
na seleção. Não ir à Olimpíada foi
uma desilusão muito grande",
afirmou o oposto de 29 anos.
"É bom ser parado na rua, ter fama, mas eu mesmo queria ser reconhecido como um bom jogador de vôlei. Por isso encarei a Série A-2 da Itália", completou.
Joel é destaque do Italiano em
um dos fundamentos mais irregulares da seleção atual. Ele já
anotou 37 aces em 13 partidas.
Na lista de pontuadores, soma
271 pontos e só perde para o búlgaro Venceslav Simeonov, com
282. O sérvio-montenegrino Ivan
Miljikovic, considerado o melhor
atacante do mundo, ocupa a
quarta colocação, com 244.
"Está sendo mais fácil jogar na
primeira divisão do que eu imaginava. Na Série A-2, eu carregava o
piano do time. Os rivais sempre
pensavam em marcar o jogo do
Joel quando iam enfrentar minha
equipe. Agora, a responsabilidade
é mais diluída, existem outros jogadores a serem marcados."
Graças à atuação do oposto e do
levantador Maurício, o fraco
Montichiari já chegou a liderar o
Italiano. Hoje, está em décimo.
"Nosso time tem muita gente
nova. Demos um salto de qualidade com o Maurício, que transforma qualquer equipe medíocre em
competitiva, e, modéstia a parte,
comigo. Ninguém imaginava que
eu jogaria como estou jogando.
Até eu me surpreendi."
Joel deixou o Brasil em 2001. Por
opção própria, não renovou contrato com o Banespa. No ano anterior, havia ajudado o time a conquistar o Paulista após nove anos.
Apesar do sucesso na Itália, ele
não faz mais planos para a seleção. Acredita que seria muito difícil entrar no "grupo fechado" que
Bernardinho tem nas mãos.
"Se o que eu faço aqui me levar à
seleção, ótimo. Se não, ótimo
também", afirmou o oposto, que
pretende encerrar a carreira na
Itália, onde mora com a mulher,
Kátia, e o filho, Matheus, daqui a
uns seis ou sete anos.
Sua adaptação ao país europeu
foi tão boa que Joel até se confunde ao falar português. Ao Montichiari, refere-se como "squadra",
equipe em italiano.
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