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AÇÃO
Irons vence, Slater continua
CARLOS SARLI
COLUNISTA DA FOLHA
Pode continuar chamando o
marrudo de campeão mundial. O havaiano Andy Irons conquistou pela segunda vez consecutiva o mundial de surfe profissional, WCT, definido apenas na
última bateria da temporada.
De quebra foi bicampeão também do Xbox Pipeline Masters e
da Tríplice Coroa Havaiana, feito
inédito no circuito.
Avesso a dar entrevistas e a ser
simpático com a mídia, a sua cara de poucos amigos ficou mais
evidente do que nunca nos dias
que antecederam a decisão. A
prova em Pipeline ficou interrompida por vários dias aguardando
melhores condições do mar, e o
clima foi ficando dramático à medida que a data limite do período
de espera se aproximava.
Enquanto a chuva e o vento mexiam com o fundo em torno da
bancada de corais e com o ânimo
dos competidores, Irons e Kelly
Slater, os únicos com chance de
chegar ao título, travavam um
duelo psicológico.
E não faltaram provocações, como o dia em que Slater, de lycra
branca, foi surfar bem em frente a
casa em que Irons se hospedava.
A tensão no North Shore da ilha
de Oahu nesta época é comum.
A expectativa da subida das ondas, o excesso de surfistas e a rivalidade promovem um clima nada
amistoso, e com um havaiano na
disputa pelo título com um americano hexacampeão mundial, a
temperatura realmente subiu.
A etapa de Pipeline é a única no
circuito disputada em baterias de
quatro atletas, mais um entrave
para os dois aspirantes ao título,
acostumados às disputas homem-a-homem. E quem chegasse na
frente levava.
Na sexta-feira, mesmo com ondas ruins para os padrões de Pipeline, os organizadores resolveram
dar continuidade à competição.
No sábado, última data do tour,
a previsão era a de que as ondas
estariam piores. Então, a sexta,
foi uma maratona para os que
chegaram à final.
Irons e Slater estavam nela, e
disputariam a quarta bateria de
30 minutos no dia.
As esquerdas estavam ruins.
Slater optou por ficar mais à direita da bancada, em Gums, bem
em frente à casa que estava alugando, estratégia que já havia dado certo nas quartas e na semifinal, quando venceu o irmão do
campeão, Bruce. Irons ficou procurando as direitas do Backdoor e
logo conseguiu uma onda acima
de oito pontos. As ondas não vinham para Slater, e quando ele
resolveu mudar de posição era
tarde, já precisava de uma combinação, somar mais que uma onda
para alcançar o líder. Joel Parkinson ainda ameaçou a vitória de
Irons na prova, mas ficou em segundo. Slater, em último.
O marrudo foi abraçado pelo
adversário e ao sair da água, ovacionado e carregado nos ombros
dos amigos e familiares.
Finalmente pôde sorrir. Numa
disputa muito particular com o,
até então incontestável, melhor
do mundo, levou a melhor.
Slater ficou na água por um
bom tempo. Pensava em dedicar
a vitória ao pai, morto em 2002,
pensava também em parar caso
vencesse este ano. Nesse sentido
foi bom ter sido derrotado. Vai
continuar em 2004, já anunciou.
Super Surf
Confirmado o calendário do circuito brasileiro de 2004: são cinco
etapas, começa em Florianópolis e termina no Rio. A Skol será um
dos novos patrocinadores e Teco Padaratz será convidado.
Mavericks Big Wave
Dia 17 as ondas já balançaram a bancada californiana para uma sessão de surfe na remada. E Jeff Clark anunciou a realização do campeonato que vai substituir o Men Who Ride Mountains.
Oi Rio Skate Jam
Após três dias de provas na arena montada na Lagoa Rodrigo de
Freitas, o dinamarquês Rune Glifberg ficou com o título no vertical,
superando Sandro Dias, que mostrou o skate para Lula esta semana.
E-mail sarli@trip.com.br
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