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FUTEBOL
Ode a Rogério Ceni
JUCA KFOURI
COLUNISTA DA FOLHA
Caju é sinônimo de Atlético
Paranaense, por estranho
que pareça. Mas o antigo goleiro
do Furacão (anos 30/40) tem seu
nome na história, como Lara, do
Grêmio, da mesma época.
E são raros os goleiros que têm
seus nomes automaticamente associados a um clube, às vezes dois,
como Gilmar dos Santos Neves
(Corinthians e Santos); Manga
(Botafogo e Inter); Raul Plassmann (Cruzeiro e Flamengo).
Oberdã Catani do Palmeiras,
Emerson Leão, fundamentalmente do Palmeiras, São Marcos.
Ronaldo, do Corinthians.
Barbosa, do Vasco.
Marcos Carneiro de Mendonça
e Carlos Castilho, do Fluminense.
Kafunga, do Atlético Mineiro.
José Poy e Zetti, do São Paulo.
Nenhum deles, no entanto, o
que não os diminui em nada,
bem entendido, pegou três bolas
impossíveis numa decisão de
Mundial de Clubes.
Rogério Ceni pegou.
Nenhum deles foi eleito o melhor jogador de uma decisão de
Mundial de Clubes nem do próprio Mundial.
Rogério Ceni foi.
Nenhum deles fez gols e mais
gols pelo seu clube.
Rogério Ceni fez e fará.
Jamais houve um goleiro como
Rogério Ceni, que compõe agora,
como disse o autor do livro sobre
o São Paulo ("Dentre os grandes,
és o primeiro", da Coleção Camisa 13, pela Ediouro), Conrado
Giacomini, a Santíssima Trindade Tricolor, ao lado de Leônidas
da Silva e Raí.
Do mesmo modo que não se
afirmou aqui, na coluna passada,
que o São Paulo é o maior time de
todos os tempos do Brasil (porque
nem é preciso comparar a equipe
do tri mundial com o Santos de
Pelé, basta compará-lo ao próprio
São Paulo de Raí para constatar o
tamanho da estupidez, se cometida), pois apenas se constatou que
o São Paulo é o clube mais vitorioso do país, também ninguém
está dizendo que Rogério é o melhor goleiro da história.
Ele é só (?!) o mais emblemático
e bem sucedido a personificar um
clube de futebol.
Até outro dia mesmo, com toda
sua história no Morumbi, poderia
se dizer que Rogério já tinha um
lugar de honra na galeria dos ídolos tricolores, mas poucos e desimportantes títulos como titular.
Agora não só tem os dois títulos
mais importantes que um clube
pode ter como, ainda por cima, os
obteve como os obteve, fazendo
gols e milagres, tanto na Libertadores quanto no Mundial.
Ah, mas ele não está na seleção.
E não está porque não gostou de
ter seu cabelo cortado na Copa
das Confederações de 1997, na
Arábia Saudita.
Romário anunciou que o time
rasparia a cabeça caso chegasse à
final do torneio.
Rogério foi pego de surpresa.
Não gostou e não disfarçou o desagrado com a violência.
Até já disse que se não faltasse
só uma partida teria pedido para
voltar para o Brasil e de tão
amuado não saiu mais de seu
quarto, a não ser para treinar e se
alimentar.
Zagallo viu em sua atitude "falta de espírito de grupo".
Só resta dizer, como diria Fernando Calazans, azar da seleção.
Que venha 2006
Esta é minha última coluna neste ano. Durante os próximos 30 dias
estarei recarregando as pilhas para a próxima temporada, com uma
Copa do Mundo e muito trabalho pela frente. O ano de 2006 tem tudo para ser um daqueles porque, não bastasse a Copa na Alemanha,
só na Libertadores teremos seis clubes brasileiros, quatro de São Paulo, três, o Trio de Ferro, da capital. E, a exemplo da Copa, os brasileiros também são favoritos. Já imaginou a seleção na final em Berlim e
mais um clube do país na final em Yokohama? Sem ufanismo algum,
é razoável supor que viveremos tais emoções. Que 2006 seja, portanto, aquilo que você sonha, pelo menos dentro de campo. E nas urnas.
Mais nas urnas do que dentro de campo porque uma derrota no futebol não será nada de mais, outra decepção nas urnas será insuportável. Basta de frustração.
@ - blogdojuca@uol.com.br
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