São Paulo, segunda-feira, 25 de dezembro de 2006

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Em um F-1 após 5 anos, Hakkinen diz que aliviou

Bicampeão, finlandês rouba cena na pré-temporada ao fazer 79 voltas na Espanha

Afastado da categoria desde 2001, piloto não afirma se volta e explica última posição em teste alegando que "não queria estragar" o McLaren

TATIANA CUNHA
DA REPORTAGEM LOCAL

Em uma pré-temporada da F-1 em que suas maiores estrelas não foram o destaque -devido a problemas contratuais, o finlandês Kimi Raikkonen não testou e o bicampeão Fernando Alonso só treinou um dia-, quem roubou a cena foi um ex-campeão, que estava afastado da categoria havia cinco anos.
O pedido partiu do próprio Mika Hakkinen, 38. Com vontade de se "refamiliarizar" com o carro, ele pediu à McLaren para se sentar novamente no cockpit de um F-1. Pedido aceito, o bicampeão completou 79 voltas em Barcelona, no último dia 30 de novembro, e deixou uma pergunta no ar.
Ele vai voltar?
"Não posso responder a essa pergunta assim, já que seria preciso mais de um dia de testes para saber", afirmou o piloto finlandês à Folha, em entrevista por e-mail. "Este teste não foi programado para avaliar a minha performance. Enquanto eu não souber em que nível realmente estou, a minha idéia é seguir na DTM [Alemão de turismo, campeonato que disputa desde 2005]." Em suas 11 temporadas na F-1, Hakkinen conquistou, além dos títulos de 1998 e 1999, 20 vitórias, 26 poles e subiu 51 vezes ao pódio. Deixou a principal categoria do automobilismo após o GP do Japão de 2001, quando terminou a prova na quarta colocação.

 

FOLHA - Por que você deixou a F-1?
MIKA HAKKINEN
- Parei porque estava farto à época. Tinha corrido na F-1 por 11 anos, o que requer, se você quer estar no topo, muito sacrifício, tanto pessoal como profissionalmente. Meu primeiro filho [Hugo] tinha nascido, e achei que seria um bom momento para me concentrar na minha família, o que seria difícil como piloto de F-1. Além disso, já tinha conseguido atingir muitos objetivos a que tinha me proposto: queria correr na F-1 e corri, queria vencer corridas e venci e queria ser campeão e fui. Duas vezes.

FOLHA - Arrepende-se de alguma coisa durante esse período?
HAKKINEN
- Não sou do tipo de homem que se arrepende.

FOLHA - Qual foi a sensação de dirigir um F-1 novamente? Estava ansioso ou receoso?
HAKKINEN
- Foi um momento muito especial para mim, após cinco anos. Fazia tanto tempo que não sabia se conseguiria dirigir um carro daqueles. Não estava ansioso, só queria que o dia começasse logo. Fui bem cuidadoso porque a idéia era sentir o carro e dar ao time um feedback preciso do que acho de um F-1 atualmente. Tentar fazer o melhor tempo seria um erro, já que isso implicaria correr riscos e guiar no limite [Hakkinen fez o pior tempo entre os 18 pilotos que treinaram no dia 30 de novembro]. Fora que não queria estragar o carro.

FOLHA - Quais foram as maiores diferenças que você sentiu no carro?
HAKKINEN
- Por razões confidenciais não posso falar muito sobre isso. Mas elas são mais sentidas na parte aerodinâmica, já que há mais pressão aerodinâmica, o motor e claro, os pneus. Já testei com os Bridgestone para 2007.

FOLHA - Pelo que estava esperando, acha que foi bem?
HAKKINEN
- Considerando a situação, acho que foi um dia bem produtivo. Encontrei os sentimento que procurava e, pelo que soube, o time ficou satisfeito com a contribuição.

FOLHA - Em seus últimos anos na F-1, muito se falava sobre um eventual problema com álcool. O que você pode dizer sobre isso?
HAKKINEN
- Rumores são sempre rumores e as pessoas que falam essas coisas não vivem comigo. Pense, não faz sentido. Como eu poderia ter problemas com álcool e construir a carreira que construi na F-1 ou a carreira que ainda tenho? Quando parei, em 2001, não escondi o fato de que gosto de me "divertir" com a família e os amigos, mas sempre bebi com responsabilidade. Hoje sou embaixador de uma marca de bebidas importante [Johnnie Walker, patrocinador da McLaren] e acho que eles não confiariam em mim se eu tivesse problemas com bebidas.


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